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Diário da Câmara dos Deputados
xar passar êste propósito sem fazer calorosa justiça à patriótica atitude de S. Ex.ª em lace das exigências da União Sul-Africana.
Fala-se na formação duma companhia particular para a exploração do caminho de ferro de Lourenço Marques e do seu pôrto. Dois engenheiros subscreveram uma proposta nêsse sentido, que foi enviada ao Ministério das Colónias. Essa proposta chegou a sofrer o estudo duma comissão que, felizmente, contava no seu seio com dois patriotas que lhe recusaram o seu assentimento. Essa proposta foi apresentada a algumas horas da partida dos negociadores para Londres.
Mas esta proposta que esporàdicamente surge nestas negociações não é de agora, vem de mais longe.
Quando as negociações se estavam realizando na África do Sul, o general Freire de Andrade telegrafava ao Alto Comissário de então dizendo-se satisfeito com o facto de o primeiro Ministro da União parecer disposto a propor ao Govêrno da província a constituição duma companhia para dirigir os serviços do pôrto e fazer obras no caminho de ferro de Lourenço Marques.
Mais tarde, ao longo, das negociações, na segunda conferência dos delegados, acordou-se em aceitar a formação duma junta mixta autónoma administrativa em que tivessem representação os interêsses comerciais e industriais do Transvaal. Não posso afirmar se esta proposta foi feita aos negociadores por parte da União, más posso afirmar que as negociações se romperam única e exclusivamente porque os negociadores do Transvaal exigiam nessa junta a maioria de representantes, donde eu concluo que a proposta da criação da junta mixta autónoma tinha já sido feita ao general Smuts.
Se efectivamente qualquer dos negociadores actuais, com responsabilidades nas negociações realizadas na África do Sul, entrasse em negociações em Londres não poderia retirar essa proposta, que foi aceite quási totalmente, é Que liberdade tem, pois, êsse negociador, cujo critério está tam abaixo de qualquer crítica, que antes de partir não deixa de exprimir o seu sentimento numa proposta que o Ministério das Colónias não aceitou, felizmente, convencido e muito bem, de
que o País a reprovaria, incondicionalmente?
Mas, Sr. Presidente, é-me grato fazer aqui os maiores e mais rasgados elogios à pessoa do Sr. Augusto Soares, velho republicano e uma das figuras mais categorizadas do País; mas S. Ex.ª estava absolutamente contra-indicado para uma missão como é a do negociação do convénio ou dum empréstimo, sendo S. Ex.ª o presidente do conselho de administração da Companhia de Moçambique.
Apoiados.
O Sr. Cunha Leal: — V. Ex.ª dá-me licença? Se não estou em êrro o Sr. Ministro disse que estava negociando um empréstimo; os telegramas dizem que está negociando um convénio.
O Orador: — Mas os interêsses da Companhia de Moçambique, infelizmente todos os conhecemos. A Companhia é essencialmente constituída por capitais estrangeiros à ordem do estrangeiro.
Não são êstes pròpriamente os interêsses da província de Moçambique.
Apoiados.
E ultimamente uma grande operação que se pretende, fazer com respeito ao pôrto da Beira é bem o significado de que êsses capitais são orientados por uma política estranha, que procura introduzir-se no território da província para mais fàcilmente dominar.
Apoiados.
É um passo dado para a construção do caminho de ferro da Beira.
Agora vamos, porventura, cometer um êrro: deixar os capitais estrangeiros construir o pôrto da Beira, para mais tarde querermos emendar o êrro, resgatando-o. Mas o que se tem feito na África Oriental não tem sido senão resgatar os erros feitos anteriormente.
Apoiados.
A preocupação de todos os Govêrnos não tem sido senão salvaguardar, duma maneira excessiva talvez, más necessária, a nossa soberania.
Somos, por vezes, obrigados a resgatada em condições bem desastrosas.
Desejaria que o Sr. Ministro das Colónias fizesse as suas declarações, mas desejaria também, e muito mais, que S. Ex.ª declarasse, desde já, que as negociações