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Sessão de 18 de Outubro de 1923
Poderá de facto amanhã o Sr. Dr. Augusto Soares ser encarregado de tratar da nova convenção, porém, por emquanto, não foi encarregado de tal, estando apenas a tratar do empréstimo, assunto êste que nada tem que ver com a convenção.
Os jornais, Sr. Presidente, dizem diversas cousas e pela forma como lhes convém; porém, a questão está no pé em que eu a expus à Câmara, isto é, que o Sr. Dr. Augusto Soares se encontra em Londres a tratar de um empréstimo e não da nova convenção, tendo de facto já tido conversas com o general Smuts sôbre as bases da nova convenção.
O Sr. Nuno Simões: — Então está certo: foi justamente isso o que os jornais disseram.
O Orador: — Os jornais estabeleceram uma espécie de intriga entre negociações para o empréstimo e negociações para a convenção.
E é isto que não está certo.
O Sr. Cunha Leal: — O discurso que V. Ex.ª fez aqui na Câmara e que veio publicado nos jornais foi, ao que parece, fornecido por V. Ex.ª, pois, nem de outra forma gê justifica, visto que tendo eu falado muito mais tempo do que V. Ex.ª, os jornais tivessem apenas publicado o pequeno resumo do que eu disse e desenvolvido largamente o que V. Ex.ª aqui disse.
O Orador: — Eu hoje mandei pedir as notas taquigráficas do meu discurso e delas, segundo vi, não consta semelhante cousa.
A Câmara certamente faz-me a justiça de acreditar que eu nunca usei de habilidades, e muito menos seria capaz de o fazer tratando-se de uma questão magna como esta.
O Sr. Augusto Soares foi encarregado de tratar do empréstimo e dos preliminares com o general Smuts acêrca das negociações para o convénio.
Portanto, não é nenhum delegado do Govêrno que tenha poderes para negociar o convénio.
Disse o Sr. Cunha Leal que está em Londres para negociar o empréstimo uma
pessoa que sustentou a idea da entrega do caminho de ferro e pôrto de Lourenço Marques a uma companhia.
Repito que a única pessoa que foi a Londres para negociar o empréstimo e tratar dos preliminares sôbre que hão-de assentar as negociações para a convenção foi o Sr. Augusto Soares.
Com S. Ex.ª foi o engenheiro Sr. Sá Carneiro, mas simples é ùnicamente como técnico.
O Sr. Sá Carneiro não vai negociar cousa nenhuma.
Há uma referência do Sr. Cunha Leal. que é exacta.
É certo que houve uma reunião para o estudo das bases do convénio, reunião a que compareceram os Srs. Ernesto de Vasconcelos, Ivens Ferraz, chefe de gabinete do Sr. Alto Comissário, Sá Carneiro e Bulhão Pato, e de facto o Sr. Sá Carneiro propôs como solução a entrega do caminho de ferro e pôrto de Lourenço Marques a uma companhia, opinião que foi secundada pelo Sr. Bulhão Pato e combatida pelos Srs. Ivens Ferraz e Ernesto de Vasconcelos.
Mas, repito-o, o Sr. Sá Carneiro está em Londres ùnicamente como técnico, na sua qualidade de antigo administrador do caminho de ferro de Lourenço Marques e não como delegado para negociar seja o que fôr.
O Sr. Augusto Soares está tendo apenas conversas preliminares.
Uma voz: — E no emtanto roubam-nos a casa.
O Orador: — Esteja V. Ex.ª tranquilo, que o pé de cabra ainda está cá.
O Sr. Nuno Simões: — Então guarde-o V. Ex.ª bem.
O Orador: — O Sr. Sá Carneiro foi apenas como técnico para poder dar de pronto esclarecimentos e mais nada. Isto é que eu desejo que fique bem claro.
Sr. Presidente: para concluir, em resumo, eu direi:
Não posso admitir que entre a província de Moçambique e a União Sul-Africana haja qualquer falta do respeito mútuo. Não posso admitir qualquer cousa