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Diário da Câmara dos Deputados
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Guerra (António Maria da Silva): — Fica com a sua opinião.
O Sr. Álvaro de Castro: — Não é tanto assim. Há muitas opiniões do negociadores que nunca ficaram só com êles.
O Orador: — Eu tenho para mim como indispensável reformar toda aquela organização, todo aquele sistema do caminho de ferro e pôrto de Lourenço Marques. Há muita cousa ali susceptível de deminuïção de despesa.
Mas, não basta que o Sr. Ministro assim pense; é necessário alguém que execute.
De há muito tempo temos tido a preocupação de saber quem á que deve ir a Lourenço Marques com essa incumbência.
Não necessitava de uma criatura que soubesse muito de caminhos de ferro e de pôrtos; felizmente temos muitas pessoas conhecedoras dêsses assuntos.
Do que necessitava era de quem conhecesse todo aquele maquinismo.
Não queria uma pessoa que fôsse para lá seis ou oito meses enfronhar-se no assunto para depois fazer alguma cousa; o que eu queria era arranjar alguém que exercesse uma acção imediata, e então todas as informações mo davam o Sr. Sá Carneiro como sendo uma pessoa que tinha toda a autoridade para reformar todos aqueles serviços.
Estava, pois, indicado o Sr. Sá Carneiro.
Chamei S. Ex.ª e convidei-o a desempenhar essas funções, dizendo-lhe o que pensava.
S. Ex.ª concordou em que eu tinha razão, mas desculpou-se de não querer ir, acrescentando que não me faltariam engenheiros distintos que pudessem ocupar êsse lugar.
Respondi que efectivamente não me faltavam engenheiros, mas faltava-me quem tivesse conhecimentos especiais sôbre aquele assunto.
Eu quero — disse-lhe — alguém que chegue lá e possa agir imediatamente. Instei imenso com o Sr. Sá Carneiro para que fôsse para Lourenço Marques.
Depois de muitas instancias S. Ex.ª aceitou e foi logo pôsto em contacto com
o Sr. Alto Comissário da província, que concordou com a nomeação de S. Ex.ª Quando depois se tratou da necessidade de ir alguém a Londres e foi indicado para essa missão o Sr. Augusto Soares, o Sr. Alto Comissário da província foi o próprio que disse que quem devia acompanhar o Sr. Augusto Soares a Londres era o Sr. Sá Carneiro, visto ser um homem conhecedor do assunto a versar — caminhos de ferro e pôrto de Lourenço Marques.
Mas, quem foi encarregado da missão não foi o Sr. Sá Carneiro, mas sim o Sr. Augusto Soares.
È agora devo dizer que o Sr. Augusto Soares, em virtude de conferências longas que tivemos, está perfeitamente integrado no meu ponto de vista; e as bases que S. Ex.ª levou são concretas, donde não pode sair de forma alguma. Creio que isto esclarece V. Ex.ª Permita-me ainda V. Ex.ª que diga que de facto é essencial, preciso, que os Srs. Ministros venham à Câmara dar conta dos seus actos.
Eu, podendo fazê-lo, tenho nisso o maior empenho; mas todos também devem concordar que por vezes há situações que podem ser prejudiciais para o próprio país se deminuirmos a autoridade de pessoas encarregadas de certas missões. Quanto à questão do empréstimo quero também negar a opinião do Sr. Álvaro de Castro.
Quando chegar a ocasião, S. Ex.ª verá que tudo foi respeitado. Não pretendo agora dizer o que se está fazendo neste momento; o. que lhe posso afirmar é que às negociações estão a aproximar-se do meu ponto de vista, não podendo, contudo, entrar em pormenores.
Isto, relativamente ao empréstimo; porque, quanto à convenção, parece-me que o Sr. Augusto Soares só se encontrou uma vez, creio que num jantar, com o general Smuths, tratando ùnicamente de estabelecer pontos de contacto, a fim de poder entrar em negociações.
Sr. Presidente: creio ter assim explicado a minha acção como Ministro das Colónias.
Tenho dito.
O orador não reviu.
Acta aprovada.