O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

20
Diário da Câmara dos Deputados
Se eu quisesse, neste momento, salvar a minha personalidade política dessa acusação ao Parlamento, eu diria que em toda a minha vida de Deputado uma única vez apresentei um projecto que implicava aumento de despesa, projecto que tinha por fim galardoar um homem que, tendo salvado a vida dalgumas dezenas de pessoas, se via a braços com a fome. Mas nem mesmo êsse projecto foi aprovado...
A essa comissão dos funcionários que tinham fome e que perguntavam porque se lhes não acudia a uma situação que ainda hoje, modificada, não corresponde, em ouro, a metade da equivalência do que era antes da guerra, o Sr. Presidente do Ministério dizia que eram as minorias que se opunham à votação da respectiva proposta de melhoria.
Eu, então, declarei que a minoria nacionalista não se opunha a essa votação, desfazendo a impressão causada pelo Sr. Presidente do Ministério.
Mas imaginemos por um momento o que é falso, que as minorias pretendiam aumentar as despesas públicas.
Havia dois meios de evitar isso, e já foram ditos claramente ao Sr. Ministro das Finanças:
S. Ex.ª recusava o seu «concordo» e o Parlamento votava contra. E estava a questão liquidada.
Mas o Sr. Ministro das Finanças pôs o seu «concordo» e^& maioria aprovou.
Àpartes.
O que se vê é que houve uma falta de inteligência na resolução dêsse assunto.
O Sr. Ministro das Finanças pôs o seu «concordo», e acusa depois os outros de aprovarem aquilo que êle aceitou.
É extraordinário!
Mas então chegamos a esta conclusão: que o Sr. Ministro pôs o seu «concordo», coacto.
Mas coacto porquê?
Alguém o obrigou?
O Sr. Vitorino Guimarães: — conheço-o muito bem — era incapaz de fazer isso.
Não foi também imposição da maioria, porque S. Ex.ª seria incapaz de se sujeitar a ela.
Fê-lo então por um sentimento de justiça; e então, o Sr. Vitorino Guimarães, o Sr. Presidente do Ministério e todos os votantes, desdobram a sua consciência e opõem-se a si próprios.
Mas é humano que se ataque o Parlamento por qualquer aumento de despesa que tinha o «concordo» do Sr. Ministro das finanças.
Àpartes.
Realmente, quando ouço certas cousas partindo da bôca dos Srs. Presidente do Ministério e Velhinho Correia, julgo uma aberração de momento de pessoas tam altamente cotadas como S. Ex.ªs
^Quais são as dificuldades que a minoria nacionalista tem pôsto à aprovação dos planos do Sr. Ministro das Finanças?
Quando o plano do Sr. Portugal Durão fracassou e se quebrou nas suas mãos para renascer intacto e com certos acrescentamentos nas mãos do Sr. Lima Basto, a minoria nacionalista discutiu.
O que queriam então? Que o Parlamento fôsse apenas uma chancela?
Eu creio que isto é uma falta de inteligência.
Mas quando o Sr. Lima Basto retomou intacto o plano que se havia quebrado nas mãos do Sr. Portugal Durão e que com tanta paciência tinha sido colado pelo Sr. Presidente do Ministério, depois de uma discussão na generalidade que foi elevada e viva, como é próprio das paixões dos homens — e se assim não fôsse não se dignificava a República — viu-se que a minoria nacionalista colaborou na especialidade, sucedendo que quando as propostas foram para o Senado quem melhor as acompanhou não foi o Sr. Lima Basto mas o Sr. Ferreira da Rocha, que teve de ir com êle para as explicar.
Apoiados.
Então isto é fazer oposição tenaz que mereça os indignados tropos que amanha estou já a ouvir contar nas colunas do Século e Diário de Noticias, apresentando o Sr. Presidente do Ministério como o maior homem que tem surgido?
Por mim declaro que não compreendo onde está a oposição tenaz a que S. Ex.ª se referia.
Querem apenas a chancela?
Mas então facão a ditadura declarada, porque a questão não é então com a minoria nacionalista, mas sim entre o Govêrno do Sr. António Maria da Silva e o Parlamento, instituição que êle quere desacreditar e levar à ruína.
Apoiados.