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Diário da Câmara dos Deputados
Não quero que da vivacidade da minha palavra se julgue que ou não tenho pelo Sr. António Maria da Silva a consideração que se deve ter por um autêntico homem de bem, mas, quando um homem de bem, politicamente, termina a sua missão, não tem mais do que ir para casa, e depressa, e o Sr. António Maria da Silva, quando se retirar, leva ao peito ama grã-cruz, mas leva também, na consciência a grande cruz do remorso do muito que tem prejudicado êste País.
Tenho dito.
O orador foi muito cumprimentado.
Não reviu.
Foi lida e admitida na Mesa a moção.
Moção
Sendo verdade que o Poder Executivo afirmou à Câmara dos Deputados, por intermédio do Ministro das Finanças, que a circulação fiduciária estava nos termos das leis em vigor;
Sendo verdade que isto não corresponde à realidade das cousas;
Sendo verdade que isto constitui mais uma causa do desprestígio para o actual Govêrno:
A Câmara dos Deputados, afirma o seu desgosto pela pertinácia do Govêrno em procurar manter-se no Poder com grave lesão dos interêsses nacionais.
Sala das Sessões, 25 de Outubro de 1923. — Cunha Leal.
O Sr. Lino Neto: — Sr. Presidente: diante do Govêrno novamente recomposto, e sem factos que não tenham já vindo à consideração desta Câmara em outras circunstâncias, a minoria católica, ajustando-se aos seus princípios e programa, não tem senão de repetir a sua fórmula de sempre: atitude de serena expectativa, sem oposições nem apoios sistemáticos, apenas no propósito de só nos pronunciarmos sôbre os Govêrnos diante dos actos que forem praticando.
E, como o novo Ministro das Finanças ainda se não manifestou, nem sôbre as propostas de finanças pendentes da Câmara, nem sôbre os actos imputados ao seu antecessor, reservo-me para falar quando S. Ex.ª o faça.
Outra, não pode ser a nossa atitude.
Não somos nem para tombar nem para levantar Govêrnos.
Representando uma organização de princípios, a princípios nos subordinamos escrupulosamente.
Não deixarei, porém, de reparar num facto que acompanhou a recomposição do actual Govêrno, e já também a da maior parte dos Govêrnos que o têm antecedido.
É a facilidade com que, diante das complexas exigências da administração, pública, os Ministros se deslocam e se acomodam, sem preparação especial, às mais variadas pastas; é a espécie de indiferença, a quási insensibilidade, com que se está indo ao encontro de acontecimentos que ameaçam de tornar trágica e tremenda a grande crise da Pátria; é o ar de sacrificados com que a maior parte dos homens públicos assumem os cargos de Ministros, saindo e entrando frequentemente, sem motivos graves de explicação.
Quere a Câmara um exemplo?
Ainda há dias, o Sr. Vitorino Guimarães deixava a pasta das Finanças, declarando que o fazia porque a maioria parlamentar lhe não dava o necessário apoio; e, no emtanto, é precisamente o Sr. Vitorino Guimarães quem ontem, nesta sala, em nome da mesma maioria parlamentar, com surpresa de todos nós, assegurava ao novo titular das Finanças, apesar de interino, o necessário apoio.
Vai êste reparo sem intuito de agravo para o ilustre homem público, tanto mais que me ligam a êle particulares laços de amizade e apreço; atitudes como a que acabo de referir podem corresponder, e por certo correspondem, a intenções dignas e honestas, mas a verdade é que desconcertam, desautorizam, e não estão à altura das responsabilidades do Poder.
Mas agora reparo; estou fora da ordem...
Guardo-me para fazer as considerações adequadas quando entrem em discussão os primeiros actos do Govêrno recomposto.
Por hoje, limito-me aos cumprimentos da praxe, saudando o novo Ministro das Finanças, não, porém, sem notar-lhe ainda que é profundamente grave a hora actual, e que por toda a parte se sente já um despertar de consciência nos cidadãos que podem muito bem atirar com a