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Diário da Câmara dos Deputados
noria monárquica que defende a honra, a honestidade e o patriotismo dos homens da Monarquia.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. João Camoesas: — Sr. Presidente: não é minha a culpa se o Sr. Ministro das Finanças se limitou ao aspecto inteiramente técnico das considerações que trouxe a esta Câmara. A êle, como técnico, cabe a responsabilidade, pelo que disse e pelo que mandou dizer lá fora, de ter provocado o meu discurso, que nunca teria sido proferido se o não tivessem sido as expressões de S. Ex.ª, de ataque injustíssimo ao partido a que me orgulho de pertencer. Nem mais uma palavra, e tantas podia eu dizer, se quisesse aproveitar a excepcional posição parlamentar em que me colocou o Sr. Ministro das Finanças com as suas rápidas considerações a respeito do que eu proferi aqui. Somos de uma raça diferente, somos de uma educação diferente, somos de uma mentalidade diferente, e por isso tenho a generosidade de não aproveitar a deixa.
Ao Deputado que acaba de proferir a palavra arrojo, só porque eu aqui trouxe uma frase que fotografa a autoridade administrativa que diz defender, a êsse Deputado cujas inconveniências temos de suportar por compostura parlamentar, eu responderei lendo à Câmara um discurso de um malogrado estadista da monarquia.
Podia ainda lembrar os célebres cartazes afixados nas ruas de Paris, vexando a honra e o crédito do País.
Podia citar até aquele dito que o extraordinário prosador Raúl Brandão atribui ao político da monarquia, Eduardo Vilaça.
Conta Raúl Brandão que Eduardo Vilaça, encontrando uma vez em Paris o Sr. João Chagas, já então Ministro da República, lhe preguntara o que haviam feito dos ladrões políticos da monarquia, em que cadeia os haviam metido; ao que João Chagas respondeu: chamaram-se tantas vezes ladrões uns aos outros que nós, pela insistência, acreditámo-lo.
Muito mais podia citar mas não é preciso; para definir a imoralidade da administração monárquica basta recordar as palavras proferidas pelo Sr. Mariano de Carvalho.
O orador não reviu.
O Sr. Jorge Nunes: — Sr. Presidente: o Sr. Ministro das Finanças apresentou-se a esta Câmara como partidário da verdade, dessa verdade que se exprime pela clareza dos números.
Não há acusações nem retaliações.
Há simplesmente a exemplificação da verdade, que era ocultada ao País pelo Partido Democrático, que todos se pudessem convencer de que o Govêrno do Sr. António Maria da Silva era o mais útil ao País.
O Sr. Ministro das Finanças não veio lançar o descrédito do País. O descrédito existe.
O que S. Ex.ª veio fazer foi desfazer a mentira com que tem sido há tanto tempo iludido o País.
Apoiados.
Sr. Presidente: ouvi com pasmo o discurso do Sr. João Camoesas, visto que êle não correspondeu à minha expectativa. Eu espera vá que S. Ex.ª, homem que quando esteve no Govêrno quási me fez lembrar o Marquês de Pombal, quando da apresentação da sua reforma da instrução, viesse ao debate, com alguma cousa que nos esclarecesse sôbre o que para nós era ainda uma cousa vaga; mas não, S. Ex.ª fez um discurso, de ataque cerrado que reflecte o desespêro daqueles que vêem fugir-lhes o Poder.
Apoiados.
O Partido Democrático sabe melhor do que ninguém de quanto foi capaz o nosso sacrifício amparando os Govêrnos da maioria!
Durante quinze dias o Partido Democrático provou que não podia governar, embora ainda tenha esperança de se sentar naquelas cadeiras, mas o País é que não se compadece com essas esperanças.
Não tenho ambições políticas; quando falo nesta Câmara é apenas porque entendo que nesta casa eu tenho o direito e até o dever de expor a minha opinião.
A questão é simples, a circulação fiduciária estava ilegalmente excedida embora o Partido Democrático, sem falar a verdade, o negasse ao País.
Já vêem, pois, que o que se vem pedir à Câmara são os meios indispensáveis