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Diário da Câmara dos Deputados
uma política de aliança com aqueles a cujas burras dizia ser necessário ir.
Àpartes.
Vimo-lo fazer aqui a apologia do uma acção violenta e directa do povo, e toda a Lisboa o ouviu quando fazia do teatro Apoio quartel das suas operações de propaganda.
Vimos S. Ex.ª ser o preparador dessa atmosfera de ódios que teve como resultado a hora funesta de 19 de Outubro.
Àpartes.
O Sr. Lúcio Martins (interrompendo): — Nessa ocasião fugiu V. Ex.ª
Àpartes.
O Orador: — V. Ex.ª deve dizer quando me viu fugir e como.
Àpartes.
Sr. Presidente: se fazemos a comparação das palavras do Sr. Cunha Leal e dos seus actos, vemos que as verdades que sempre apregoa são contraditórias, e de tal maneira que como político é a personificação da versatilidade mais atrabiliária e incongruente.
Também S. Ex.ª nunca adoça as suas palavras contra os adversários, e elas têm sempre a celebridade do enxovalho, e ainda há poucos dias S. Ex.ª teve aqui palavras de bastante violência, dizendo que havia situações que, não sendo de roubo, são equivalentes às de ladrão.
Nessa mesma sessão eu tive de marcar o meu gesto de protesto contra as palavras de S. Ex.ª, pelos seus excessos, quando nos acusava de perturbadores, tendo-se o Sr. Álvaro de Castro levantado a protestar.
O Sr. Cunha Leal, peia crueza das suas palavras para com os oradores parlamentares, tem de recorrer às vezes ao duelo.
Àpartes.
Torna as questões políticas em questões pessoais de pistola e espada em punho.
Àpartes.
Por todos êstes factos, êste homem, em relação à nossa sociedade, faz lembrar um condensador, um ampliador das paixões ruins e selváticas que dormitam no fundo das almas humanas.
Àpartes.
Eu fui dos que acreditaram que o Sr. Cunha Leal, pelas provas de talento que tinha manifestado, havia de ser alguém na vida portuguesa, podendo servir de exemplo a todos os homens de boa vontade que se juntassem, para fazer a obra alta da ressurreição nacional.
Nesse tempo o Sr. Cunha Leal não tinha dado provas ainda da sua incapacidade e da insuficiência mental da sua acção política.
Apoiados.
Àpartes.
Pode ser-se um grande matemático, mas todos os dotes de capacidade não se apregoam, manifestam-se.
Ouvíamos dizer palavras de elogio à sua alta mentalidade; mas como político é dos mais modestos.
Àpartes.
Porque S. Ex.ª como político não excede a craveira média; não chega sequer à craveira mínima porque lhe faltam inteiramente aquelas qualidades de serenidade de sensatez, da auto-direcção absolutamente indispensáveis a um homem público.
É do conhecimento da psicologia mais elementar que a inteligência se manifesta através de várias modalidades, podendo um indivíduo ser muito inteligente numa modalidade e acentuadamente obtuso noutras. O Sr. Cunha Leal poderá ser um excelente engenheiro, um óptimo matemático, tudo o que quiserem; o que S. Ex.ª não é, com certeza, é um político. Digo-o sem qualquer espécie de ressentimento ou de despeito, políticamente, o Sr. Cunha Leal, longe de me merecer respeito, só me merece piedade. E quando me lembro daquele rapaz que, pela inteligência manifestada em várias modalidades da sua vida académica, era tido como uma esperança da sua geração, eu tenho pena, uma infinita pena de S. Ex.ª!
Posta, esta definição da minha atitude pessoal, não se vá julgar que eu sou um mísero invejoso da glória de S. Ex.ª Não; o que eu pretendo apenas, ajudado um pouco por certas faculdades de exposição de que sou dotado, é bem servir o meu País e a República.
Sr. Presidente: o Sr. Ministro das Finanças quis fazer acreditar que os Govêrnos do Partido Democrático tinham cometido irregularidades, praticado verdadeiros crimes, tinham criado até uma situação incomportável à vida do Estado, pela sua falta de coragem em proclamar