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Diário da Câmara dos Deputados
e ainda pela imparcialidade com que encaramos estas questões, nós temos de reconhecer que a proposta trazida ao Parlamento pelo actual Ministro das Finanças não pode ser considerada como o primeiro passo governamental para a realização da sua anunciada obra. Não; a proposta em questão é ainda obra do Partido Democrático.
Muitos apoiados.
A obra do Govêrno actual aguardamo-la, se é que as condições em que assumiu o Poder lhe permitem realizá-la.
Nós estamos cada vez mais convencidos de que tal não sucederá, ou porque o Govêrno, perante as imposições da maioria parlamentar, se verá obrigado a abandonar as cadeiras do Poder, ou porque, entrando no caminho das transigências e das adaptações, acabará por se identificar com os desejos dessa maioria, rasgando assim o seu programa e mostrando ao País que em Portugal, em regime republicano, só o Partido Democrático pode governar.
Talvez não falte muito tempo, talvez ainda na sessão de hoje nós tenhamos a prova dêste facto. E então eu terei de reconhecer, o País terá de reconhecer que quem manda é o Partido Democrático e que o Govêrno, esmagado sob a sua fôrça, não está em condições do executar uma obra talhada em moldes diversos dos dêsse Partido.
Seja, porém, qual fôr a atitude da maioria da Câmara, a nossa já está tomada e definida: apoio ao Govêrno em tudo quanto se relacione com a efectivação do seu programa.
E termino, Sr. Presidente, para que se não diga que nós procuramos por qualquer forma impedir a marcha governamental.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. João Camoesas: — Sr. Presidente: contam os livros do história das religiões: que num período remoto da humanidade passava esta a sua actividade religiosa na crença denominada o Tabu. Os nossos longínquos antepassados dessas eras, dominados ainda quási inteiramente pela ferocidade nativa — ferocidade que, apesar da distância e da consumação das espécies, tantas vezes bruxolear nos olhos de tantos super-homens do nosso conhecimento — os nossos antepassados imaginavam que pelo simples facto de erguer a mão para o objecto do culto, imediatamente provocavam uma tam fulminante formação de fôrças naturais que para todo o sempre liquidavam o mísero audacioso.
Sr. Presidente: quando há dias, humildemente — porque sou humilde por temperamento e por educação — numa altura em que o Sr. Ministro das Finanças tinha um dos seus habituais assomos, eu esbocei um ligeiro sorriso de incredulidade. Logo alguém foi referir a S. Ex.ª essa manifestação da minha incredulidade pela atitude de S Ex.ª e logo mereci a condenação que nos tempos remotos da antiguidade sofriam aqueles que levantassem a mão contra o objecto do culto sagrado, assim logo S. Ex.ª me fulminou com a sua cólera e me reduziu a inferioridade da minha condição.
Se não represento uma parte imensa da consciência pública, exprimo pelo menos uma grande confiança nessa consciência pública.
Por consequência, embora eu não seja dos profissionais com maior técnica ca minha vida profissional, posso endereçar algumas críticas à sua atitude de super-homem. Principiarei por citar o principal vício da sua atitude. S. Ex.ª é determinado por uma atitude de ódio ao Partido Republicano Português.
Apoiados e não apoiados dos vários lados da Câmara.
O Orador: — Mais do que os apoiados valem as palavras anteontem proferidas pelo Sr. Ministro das Finanças e que eu nunca julguei que encerrassem tanto ódio.
Trocam se àpartes.
S. Ex.ª não hesitou, para nos atacar, em ferir a nação!
O Govêrno tem como sua natural aliada a minoria monárquica, que nesta casa do Parlamento representa a mais estrondosa imoralidade.
Foi assim que procedeu a monarquia no Govêrno Sidónio Pais por ódio ao Partido Democrático.
Eu quero considerar esta passagem do discurso de Mariano de Carvalho:
Leu.
Uma gente que aqui representa uma administração desta, ordem não tem o direi-