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Sessão de 23 de Novembro de 1923
a verdade ou pela sua falta de decisão em a proclamar na devida oportunidade.
Sabe a Câmara que o Partido Republicano Português anunciou, em matéria fiduciária, uma atitude nitidamente flacionista. Quando Ministro das Finanças, o Sr. Vitorino Guimarães, trouxe-nos a esta casa do Parlamento uma proposta de empréstimo que constituía uma das medidas de que o Partido Republicano Português procurava lançar mão para efectivar essa sua aspiração. Ora se o Parlamento de então, especialmente a minoria nacionalista, dirigida entre outros pelo actual Ministro das Finanças, tivesse trabalhado com a rapidez que S. Ex.ª agora lhe vem exigir, se essa proposta tivesse sido discutida, aprovada e convertida em lei no ensejo próprio, outros teriam sido os resultados da sua aplicação e muito outros teriam ainda sido se em seguida à aprovação da proposta em questão se têm tomado aquelas medidas insistentemente preconizadas pelo Partido Republicano Português, tais como as que se referem ao imposto do sêlo e contribuição de registo.
O Partido Republicano Português, pelos seus homens de Govêrno, onde e em que é que falhou? Falhou em acreditar no patriotismo das oposições e em que se não faria qualquer espécie de especulação política em volta da desgraçada situação em que o País se debate; falhou em acreditar que o Congresso, convocado expressamente para apreciar as suas propostas de finanças, as discutiria e votaria o conjunto de providências necessárias para a vida política através da qual o Sr. Cunha Leal teia mostrado a sua contradição entre o Deputado Sr. Cunha Leal e o Sr. Cunha Leal. Ministro das Finanças.
V. Ex.ª no final do seu discurso dizia, da sua cadoira de Deputado, que era preciso fazer a conjugação de esfôrços; e depois, uma vez derrubado o Govêrno António Maria da Silva, tem uma política oposta e faz, na reunião do Partido Nacionalista, todos os esfôrços no sentido de uma política contrária.
Agora hão-de ficar amarrados a essas cadeiras em que terão horas amargas.
O Sr. Vergílio Costa: — Tudo isto, Sr. Presidente, a propósito da proposta ministerial.
O Orador: — A atitude do Partido Republicano Português, com orgulho o digo, é oposta à de S. Ex.ª e se os homens como o Sr. Ministro das Finanças soubessem o poder magoador de certas palavras, não as pronunciariam.
E veja V. Ex.ª, Sr. Presidente, como, se nós quiséssemos enveredar pelo mesmo sistema, pouco escrupuloso, de classificar os actos dos adversários políticos, teríamos assunto para falar.
Ainda no outro dia S. Ex.ª, quando aqui acusava o Sr. Vitorino Guimarães e outros homens dêste lado da Câmara de não terem querido entender a prosa formidável e extraordinária de S. Ex.ª, dizia: «os Srs. deviam ver as entrelinhas da minha proposta».
Êle próprio confessava, como Ministro das Finanças, como paladino da verdade, que trazia à Câmara uma proposta com «entrelinhas».
Apoiados.
Veja V. Ex.ª, Sr. Presidente, se nós fôssemos como o Sr. Cunha Leal, se nos deixássemos dominar pelo ódio, como nós poderíamos tirar efeito desta singular confissão de um Ministro das Finanças da República Portuguesa!
Não o somos, porém, felizmente, e limitamo-nos a mais uma vez assinalar a contradição notória entre as afirmações do homem que, dizendo-se paladino da verdade, acaba por confessar que traz a verdade encoberta na encruzilhada das entrelinhas da sua proposta!
Há outro ponto ainda em que S. Ex.ª, com a sua versatilidade peculiar, foi igualmente contraditório.
Disse S. Ex.ª que, durante 48 dias do último ano económico, o Estado esteve subvencionando o público com o fornecimento à moagem de esterlino para a compra do trigo ao câmbio de tal.
Sr. Presidente: perante a referência que pelo Sr. Vitorino Guimarães foi feita a esta afirmação, o estrénuo paladino da verdade que pela verdade é capaz do comprometer tudo, até o crédito da Nação, invocou, para se desculpar da inexactidão do que afirmava, a sua cultura matemática e a compensação dos erros dos números.
Sabe toda a gente o ódio que a parte mais numerosa da população portuguesa vota à moagem, e, se nós quiséssemos ser