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Diário da Câmara dos Deputados
para o Sr. Ministro das Finanças enxovalhantes como êle costuma ser para homens até dá respeitabilidade intelectual e moral do Sr. António Maria da Silva, Presidente do Govêrno a que tive a honra de pertencer, poderíamos dizer que o Sr. Cunha Leal tinha escrito propositadamente esta parte da declaração ministerial, para nos embrulhar a nós numa cumplicidade de favores ilegais.
Mas nós não o dizemos e não fazemos nenhuma referência ao caso, exactamente porque entre a moagem e o Sr. Cunha Leal surgiram, ainda não vai longe, questões com as quais eu entendo que o Parlamento não tem que se importar.
Por isso não insisto neste assunto, limitando-me a constatar que o grande paladino da verdade, para defender uma expressão não verdadeira que afirmou, acaba, no terreno da política, por aludir à sua cultura matemática, falando em compensações nos erros dos números.
Sr. Presidente: creio ter dito o suficiente para provar que o Sr. Ministro das Finanças não tem as condições de mentalidade política e pessoal, nem as condições de equilíbrio fisiológico mental absolutamente indispensáveis para poder ser, com êxito para o País e para a República, Ministro das Finanças.
Demonstreio-o sem necessidade de ter uma palavra amarga para S. Ex.ª e sem ter precisão de usar, como S. Ex.ª costuma fazer quando se refere aos seus adversários, nenhuma daquelas frases contundentes, que sito mais vociferações do que frases, ficando a marcar uma deminuïção da forma parlamentar e a testemunhar uma tamanha capacidade para o ódio que chega à cegueira e à loucura.
Verifica-se, de toda a minha exposição, que êste paladino da verdade é, na acção partidária, de uma poliverdade absoluta, que nos dá o direito de supor que o Sr. Sr. Cunha Leal dêste momento não é o mesmo do momento seguinte.
Verifica-se que, afinal, êste paladino da verdade não é mais do que um odiento agente da acção política, aproveitando os factos, as circunstâncias e as situações para, através de tudo, atacar uma entidade política que lhe é adversa, mesmo à custa do crédito da Nação.
Verifica-se que êste partidário da verdade nua e crua a si mesmo se desmente no próprio documento que pretende apresentar como o espécime da mais pura verdade.
Verifica-se, portanto, que há razões e fundamentadas razões para S. Ex.ª ser, como dirigente político, das pessoas menos acreditadas no País e das pessoas às quais corresponde, na consciência nacional, uma maior corrente de desconfiança.
E porque tudo se verifica não posso deixar de declarar que não lhe dou o meu apoio.
Dizia S. Ex.ª num daqueles assomos, encarando o Parlamento inteiro, que não lhe mendigava o seu apoio. Pois eu não lho dou, não por sim pies coerência doutrinária, não por qualquer animadversão pessoal ou política, mas porque entendo que, não lhe dando, correspondo à maior corrente da opinião nacional e cumpro o meu dever de republicano e de patriota.
É por isso que nem por esmola o Sr. Ministro das Finanças terá o meu apoio.
Tenho dito.
Vozes: — Muito bem! muito bem!
O orador não reviu.
O Sr. Ministro das Finanças (Cunha Leal): — Sr. Presidente: quando pedi a palavra para responder ao Sr. João Camoesas, pedi-a na convicção de que, depois de uma larguíssima série de detalhes acêrca da minha personalidade política, acêrca do meu ódio declarado aos democráticos, depois, emfim, do uma larguíssima exposição de incidentes que importam só a mim próprio é não à situação financeira do País (Apoiados), o Sr. João Camoesas se resignava, finalmente, a entrar na apreciação da minha proposta.
Verifico, porém, que S. Ex.ª não quis, realmente, dar-me o prazer de dizer qualquer cousa a que eu, sob o ponto de vista financeiro, tenha de responder (Apoiados) e, assim, tenho apenas a declarar que, para evitar largas discussões, me guardo para o final, antes do debate se encerrar, usar da palavra em resposta a todos os oradores que me precederam, fazendo só excepção quanto àqueles que sôbre a proposta não disseram cousa nenhuma.
Tenho dito.
Vozes: — Muito bem.
O orador não reviu.