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Diário da Câmara dos Deputados
que, para prestígio do sou cargo, é necessário que tique impoluto.
Sr. Presidente, como militar eu não deleguei em ninguém o encargo de fazer a afirmação de que o exército português pretende a dissolução parlamentar. Não doleguei nem delego, porque isso é contrário ao meu modo de pensar.
Como Deputado, entendo que devo ficar acima do todas as lutas da política partidária, mantendo-me dentro da Constituïção.
Tenho dito.
Vezes: — Muito bem! O orador não reviu.
O Sr. Álvaro de Castro: — Sr. Presidente: ou tinha pedido a palavra antes do Sr. Fernando Freiria usar dela, justamente para me referir ao assunto de que S. Ex.ª se ocupou.
Eu desejava, na verdade, preguntar ao Sr. Presidente do Ministério, embora S. Ex.ª não tenha nenhuma responsabilidade na entrevista publicada no Diário de Lisboa, se êle tinha conhecimento dum movimento feito por radicais e democráticos em que aparecesse o general Sr. Roberto Baptista.
E necessário que o Sr. Presidente do Ministério nos tranquilize a todos, pondo inteiramente a verdade a nu.
Por mim, não me surpreende a publicação desta entrevista, porque até já houve quem, carinhosamente, espalhasse por toda a parte, nos corredores desta Câmara e lá fôra, que eu estava comprometido num movimento revolucionário radical contra o Govêrno!
A questão a que se referiu o Sr. Freiria não teria nenhuma espécie de importância se se limitasse a falar no general Sr. Roberto Baptista, porque toda a gente sabe quem é êste ilustre e distinto oficial e o respeito a que êle tem direito de todos os portugueses; mas, infelizmente, o efeito que desta notícia se pode tirar é o de que o exército emprega a sua acção não para defender a República, mas para fins políticos.
Contra isto é que eu protesto, chamando a atenção do Sr. Presidente do Ministério.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Ministro da Guerra (Óscar Carmona): — Sr. Presidente: deve dizer que é com muita satisfação que eu vou responder às preguntas que o Sr. Fernando Freiria acaba de me fazer.
Antes de as formular, porém, S. Ex.ª pôs em relêvo — e com muita justiça — a figura do general Sr. Roberto Baptista, comandante da 1.ª divisão do exército, visado num artigo do jornal o Diário de Lisboa, artigo que me causou, como não podia deixar de ser, a mais extraordinária surprêsa.
Devo dizer à Câmara, para seu conhecimento e para formal desmentido de possíveis boatos em contrário, que o general Sr. Roberto Baptista colaborou comigo, desde a primeira hora do movimento, com um zêlo, dedicação e boa vontade verdadeiramente notáveis.
Apoiados.
O movimento, segundo informações que tinha em meu poder, deveria iniciar-se às 7 horas.
Eu fui nessa ocasião à Rotunda onde se dizia estarem reunidas as fôrças sublevadas, mas não vi quaisquer agrupamentos que me parecessem suspeitos. Dirigi-me ao grupo de metralhadoras pesadas; nada vi de sensacional.
Em seguida fui ao batalhão de sapadores, onde encontrei tudo em sossêgo. Segui para casa o nada notei que me fizesse supor em presença dum movimento revolucionário.
Ora o que eu fiz — uma visita aos quartéis — fez, também, o Sr. Roberto Baptista o foi, por isso, acusado no Diário de Lisboa.
Nesse caso eu reclamo, também, para mim a qualidade de revolucionário.
Risos.
O Sr. Pereira Bastos: — O general Sr. Roberto Baptista não fez mais do que a sua obrigação.
Muitos apoiados.
O Orador: — Posta a questão nestes termos, não me parece necessário descer ao exame do artigo do jornal em questão.
Muitos apoiados.
Basta dizer que o general Sr. Roberto Baptista se mostrou, em todas as emergências, um militar inteiramente digno dêsse nome.
Apoiados gerais.