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Sessão de 13 de Dezembro de 1923
xar do usar da palavra, embora deseje ser bastante rápido nas minhas considerações.
Pelo lugar que ocupo nesta Câmara o até corto ponto por aquilo que me foi dado presencear durante a revolução ou — chamemos-lhe antes assim — alteração da ordem, não poderia deixar de formular algumas preguntas ao Sr. Presidente do Ministério.
Não podia também deixar de aproveitar este momento para chamar a atenção do S. Ex.ª para alguns pontos que, embora pareçam, insignificantes, tem para mim importância, porque me preocupam sempre devoras todas as cousas que possam envolver desprestígio do Govêrno o que possam significar uma denegação de justiça.
Esporo que o Sr. Presidente do Ministério, com aquela lealdade e com aquela nobreza que todos lhe reconhecemos, me responda sob sua palavra, de uma maneira firme e terminante, às preguntas que vou ter a honra de lho formular o que são as seguintes:
Pediu, ou não, o Sr. Presidente do Ministério a dissolução do Parlamento ao Chefe do Estado?
Pediu, ou não, conjuntamente, a suspensão de garantias?
£ Pensou, ou não, em dissolver a marinha do guerra?
São estas as preguntas, que para mim têm um significado muito especial, às quais julgo que toda a Câmara desejaria ouvir uma resposta completa (Apoiados) do Sr. Presidente do Ministério, sob sua palavra, aquela palavra honrada que é timbro de S. Ex.ª 1, honrado republicano e devotado patriota. —
Certamente o Sr. Presidente do Ministério pretendo reservar se para no fim do debate responder a todos os oradores, e ou, por tal motivo, continuarei no uso da palavra para fazer outras considerações, se bem que me fôsse particularmente agradável ouvir desde já a resposta terminante e concreta que certamente S. Ex.ª, acedendo gentilmente ao meu convite, vai dar às minhas preguntas.
Desejo ainda preguntar ao Sr. Presidente do Ministério se S. Ex.ª, por aquele inquérito que naturalmente mandou fazer pelas autoridades próprias, já averiguou onde se deu o início da alteração da ordem.
Desejava que o Sr. Presidente do Ministério me dissesse do onde é que partiu o primeiro sinal de revolução e se não havia alguém que tivesse desejo de apressar essa revolução.
O Govêrno deve saber tudo isto, porque, senhor de todos os elementos e até prevenido com muita antecedência da eclosão do movimento, deve já estar a par de tudo, tendo na sua mão os inquéritos a que, sem dúvida, mandou proceder.
Desejo saber se o Govêrno, pela pasta da Marinha, mandou estar de prevenção todos os navios.
Desejava saber se de facto alguém houve que tentasse hostilizar, intrigando, uma parte do exército contra a marinha, corporação gloriosa a que eu, como marinheiro, muita honra tenho em pertencer.
Sr. Presidente: se eu pudesse continuar as minhas considerações depois de ter ouvido a resposta clara, como certamente vou ouvir, da bôca do ilustre Presidente do Ministério, certamente as minhas palavras podiam tomar um rumo diferente, mas como porventura isso não poderá suceder, e eu terei do voltar a usar da palavra, não quero por isso terminar as minhas considerações sem dirigir mais uma pregunta inocente, que quási poderá chamar-se pueril, ao Govêrno.
Sabe a Câmara que um velho oficial da marinha de guerra, o capitão do fragata João Manuel de Carvalho, num acto de desvairamento, cometeu a infeliz acção de ir a bordo dum destroyer que tinha uma limitada guarnição, com dois oficiais apenas, um aspirante e um oficial maquinista, e fazendo-se acompanhar por dois ou três sargentos e três ou quatro marinheiros, entrou no navio, assumiu o seu comando e permitiu, ou não soube evitar, que seis tiros de granada fôssem dados, embora para o ar, de bordo dêsse barco de guerra.
Isto é um caso lamentável que tem forçosamente de ser punido. Mas eu pregunto ao militar brioso o disciplinado que é o Sr. Ministro da Guerra se numa determinada noite e numa determinada cidade tivessem estado numerosas tropas concentradas por ordem do Govêrno e essas tropas tivessem dignamente cumprido todas as ordens dêsse mesmo Govêrno, e se no fim do tudo, quando o Govêrno estivesse senhor da situação e o