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Diário da Câmara dos Deputados
Sr. Ministro da Guerra, um oficial ilustre e distinto, tendo assumido o comando das tropas, se dirigisse ao local onde elas estavam concentradas, e tendo à frente dêsses oficiais os comandantes das unidades e o comandante da divisão, se nesta ocasião o Sr. Ministro da Guerra, ao agradecer a maneira como as suas ordens haviam sido executadas, um oficial subalterno, por exemplo um capitão, passasse à frente dos seus camaradas, fizesse a continência e dissesse a S. Ex.ª que era preciso ir mais longe, que queria o exército prestigiado, mas que não se devia sair dali sem que êle ficasse mais prestigiado ainda, eu pregunto ao alto critério de S. Ex.ª e ao das Câmara que me escuta qual o procedimento que adoptaria perante a atitude dêste oficial.
Eu pregunto à Câmara e ao Sr. Ministro da Guerra como se deveria classificar o acto dêste oficial.
Sr. Presidente: deixo ao esclarecido espírito do Sr. Presidente do Ministério o responder a esta minha hipótese, que representa um acto tam grave como o que foi cometido pelo capitão de fragata Sr. João Manuel de Carvalho.
O Sr. Presidente do Ministério, quando ontem falou nesta Câmara, certamente por lapso, deixou de se referir à atitude assumida pela marinha de guerra. S. Ex.ª esqueceu-se da alta prova de disciplina e ordem dada pela marinha de guerra, não se solidarizando com a guarnição dum navio — para cooperar na revolta.
Esqueceu-se ainda o Sr. Presidente do Ministério de dizer à Câmara que no quartel de marinheiros não estavam 800 homens armados, mas apenas 40 e tantas praças, que dormiam, excepção feita dos homens da guarda.
Esquecera-se o Sr. Presidente do Ministério, o que muito deve ter regozijado aquelas pessoas que têm uma estima muito especial pela marinha de hã seis anos a esta parte, esqueceu-se de dizer que os marinheiros cumpriram o seu dever, como a guarda republicana.
Esqueceu-se de dizer que no Arsenal da Marinha se defenderam da investida dos revolucionários, como a guarda republicana.
Apoiados.
Mesmo nas horas graves, se é necessário ter energia para castigar quem merece, também é preciso o espírito de justiça.
Tenho razão de falar aqui, com a plena liberdade de palavra dum homem que sabe cumprir o seu dever, e tomar a responsabilidade dos seus actos em todos os campos.
Podia ter como testemunha o Sr. Presidente da República, que entrou no Arsenal da Marinha onde eu estava também.
Estava disposto a ir a bordo do navio revoltado, se bem que já a essa hora tivesse tomado o compromisso de não dar tiros, nem permitir a entrada de nenhum revolucionário. Isto conseguiu-se com o prestígio do meu nome conhecido, e amizade que os meus camaradas da marinha possam ter por mim.
Assim o fizeram.
O capitão-tenente Sousa Coutinho por ordem do com andante da Armada percorreu todos os navios. Procedeu à execução da ordem exacta.
No Douro apenas se haviam dado actos revolucionários por parto dum pequeno número de pessoas.
O resto da tripulação estava tranquilamente dormindo.
Mas disse ao Sr. Presidente do Ministério que ora necessário que, nas horas graves, os homens que têm a função de governar não perdessem o espírito da justiça.
Desejo chamar a atenção do Sr. Presidente do Ministério para alguma cousa que reputo muito grave.
Assumo a responsabilidade das minhas palavras. Como homem de bem e republicanos, sou incapaz de prejudicar a acção da justiça.
Não ficaria bem com a minha consciência se não tivesse vindo à Câmara chamar a atenção de V. Ex.ª acêrca dum tremendo facto que vou apresentar à Câmara.
Sr. Presidente: não ignora V. Ex.ª, não ignora a Câmara, não ignora o país, que, talvez devido ao entranhado amor que os marinheiros têm à Republica, a corporação da Armada é a que mais tem sofrido, porque os elementos de terra desvairados e ambiciosos encontram ali um belo campo para a satisfação ilegítima e desmedida das suas ambições. Dá-se isto desde