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Diário da Câmara dos Deputados
como não me deminuída a mim se um dia tivesse de prestar homenagem a todos aqueles que houvessem contribuído para o engrandecimento do país.
Sr. Presidente: a dissolução foi inscrita no estatuto basilar do nosso país, não como arma contra o Partido Republicano Português, porque êste partido não é prejudicial à política e à República; é um partido que a tem defendido em todos os momentos da história política do país e por vezes até, para a defender, tem deixado que a seu lado batalhem criaturas que anteriormente tiveram torvos desígnios na história política do nosso país.
Precisamos entender-nos.
Se êste Ministério, ou qualquer outro, deixar de cumprir o seu dever, não será, vá a frase, por cascas de laranja que se atirem daqui, mas o que ninguém compreende é que nos estejamos a comportar pela forma como nos temos comportado para afinal se proceder para connosco como os jornais anunciam.
Eu compreendo, Sr. Presidente, que o Sr. Ginestal Machado, ilustre Presidente do Ministério, tenha aquelas reservas absolutamente legítimas no sentido da averiguação e castigo de quem seja criminoso, o desde já digo a S. Ex.ª que, se se encontram responsáveis no seio do Partido Republicano Português, sejam ou não parlamentares, tenham maior ou menor hierarquia, estejam onde estiverem, os castigue inexoràvelmente, mas que proceda com os outros partidos da mesma forma.
Afirmou-se, Sr. Presidente, que no meu Govêrno, em virtude de informações da polícia, se conservavam detidas várias pessoas, sem culpa formada.
E cedo para falarmos nosso assunto.
Quando for oportuna essa discussão, eu falarei altivamente nesta casa do Congresso da República, dizendo que há muita gente que deseja que os outros não procedam com legitimidade, para porventura evitar responsabilidades.
Há boatos, e boatos: uns não nos incomodam, outros temos que os repelir.
O Sr. Álvaro de Castro, no discurso que ontem pronunciou, declarou que só o determinavam os supremos interêsses da República e que desprezava as calúnias.
Eu digo também a V. Ex.ª, Sr. Presidente, que quero repelir desde já o seguinte: é que algumas horas depois do movimento, quando êle já tinha sido sufocado, se dizia pelos cafés que, se a alguém devia ser atribuída a culpa, era à minha pessoa.
Chega a ser interessante, eu de gorra com sindicalistas o comunistas que quiseram assaltar o Ministério do Interior, dizendo-se mesmo que êsses que colaboraram na assalto ao Palácio de Belém são porventura aquelas mesmas pessoas que escrevem ou inspiram aquilo que há pouco se leu relativamente ao Sr. general Roberto Baptista.
É que há criaturas que têm esta maneira de proceder: quererem mostrar que não lhes cabem quaisquer responsabilidades e dali gritam ou cantam muito alto para convencerem da sua inocência.
O nosso desejo, Sr. Presidente, é que acabe esta situação de aventureiros políticos com letreiro ou sem letreiro que nos perturbem o fazem a verdadeira conspiração, não deixando que se trabalhe, complicando a vida do um o de outro Govêrnos, procedendo de tal forma que não há maneira de que uma situação de ordem perdure.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Agatão Lança: — Sr. Presidente: fui eu o primeiro Deputado que tive a honra de pedir ao Govêrno que viesse à Câmara, como era da praxe, dar conta do que se passou na noite de segunda-feira.
Nessa altura logo disse que achava indispensável que viesse o Sr. Presidente do Ministério, assim como os Srs. Ministros da Guerra e da Marinha.
O Sr. Presidente do Govêrno não pôde vir nêsse dia o veio ontem e se ontem não me inscrevi para falar sôbre êste assunto foi por ter feito uma pregunta ao Sr. Presidente do Govêrno: se êle achava inconveniente fazer declarações mais largas sôbre o que se tinha passado, se achava que essas declarações podiam ser prejudiciais à ordem publica.
Como S. Ex.ª me respondeu afirmativamente, não me inscrevi ontem para falar.
Hoje, porém, que a ordem pública parece estar absolutamente garantida, hoje que mais largamente o assunto tem sido debatido nesta Câmara, não podia eu dei-