O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

30
Diário da Câmara dos Deputados
está a ver a vantagem, e grande, que há em conhecer o texto do contrato que há a fazer em virtude desta proposta. Não se pode nem se devo prescindir da intervenção do Govêrno da metrópole.
V. Ex.ªs não sabem as cousas que por lá há: o palácio do governador. Essa residência não passa duma palhota.
Risos.
Nessa residência estiveram governadores como António Enes, e aí se delinearam obras que muito honraram o nome português.
Tem-se gasto lá muito dinheiro sem proveito algum, tem-se gasto dinheiro em obras que ficam depois incompletas.
Tem-se feito obras, como por exemplo, em Marraquene que só tem importância pelo combate que lã se deu, obras em que se gasta muito dinheiro, e bem assim em outros logarejos de somenos importância. Nas obras do palácio da circunscrição gastaram-se 22:000 libras, e assim se tem gasto muito dinheiro, e por isso eu acho perigoso dar-se uma autorização som os precisos detalhes.
Sr. Presidente: importa realmente estudar a situação financeira da província e proceder de modo que seja um facto o emprêgo do capital em obras de fomento.
Eu, quando fui para lá, propus-me fazer duas cousas: empréstimo para obras de fomento, e denúncia da Convenção.
Cheguei a comunicar, ao Ministro das Colónias as negociações para o empréstimo, mas depois levantaram-se dificuldades e resistências e tudo ficou gorado.
Entendia eu fazer o empréstimo, mas ficando completa liberdade.
Depois recebi um telegrama do Govêrno Inglês dizendo que não lhe era agradável.
Mais tarde, quando pensei em fazer um empréstimo na América, o general Smuts fez-me constar que também tinha amigos na América.
O Sr. Alto Comissário — foi a resposta que êle deu a uma pessoa que com êle falou — não conseguirá o empréstimo emquanto não fizer uma convenção.
Isto é para justificar mais êste fracasso na minha vida política.
Tendo constado nos meios financeiros de Londres que esta tentativa de operação financeira tinha falhado, fui procurado por outro grupo, o as condições apresentadas foram as mesmas.
Todavia, eu não consideraria uma proposta que não envolvesse qualquer destas condições.
Leu.
Queria uma completa liberdade.
Além disso, objectou o grupo, e com uma certa razão, que não era possível que se fôsse buscar o dinheiro a Inglaterra e o material à Alemanha ou a qualquer outro país.
Em todo o caso, o segundo grupo fornecia-mo o material pelo preço igual ao que eu pudesse obter na própria Alemanha.
A Inglaterra fornecia material de caminhos de forro e electricidade, por um preço muito superior h América, a Bélgica e à Alemanha, e eu fiz ver que não podia aceitar uma cláusula que me obrigaria a adquirir o material no mercado inglês.
O juro do empréstimo era do 6 por cento, e com os encargos podiam ir a 7 ½ por cento ao ano; e o prémio de emissão seria de 8 por cento.
Peço desculpa de ter entretido a Câmara com estas minhas considerações, mas, em suma, eu tenho responsabilidades e ninguém me levará a mal que pretenda justificar actos da minha administração.
Procurei sempre defender os -interêsses de Moçambique; poderia ter cometido erros, mas trabalhei por ser útil à província.
A hora vai muito adiantada, e estamos em vésperas das férias do Natal, como há pouco disse.
Em face das declarações que foz o Sr. Presidente do Ministério, quere-me parecer que são de molde a que a Câmara tome uma resolução.
O assunto, de resto, é muito interessante, e muitas considerações se poderiam fazer.
Quero, porém, ser breve, para que todos ganhemos tempo.
Desejo que fique bem assente que eu reconheço a necessidade e a urgência do Moçambique realizar um empréstimo; reconheço a necessidade dêsse empréstimo ser feito em ouro, e por, conseguinte, afasto a possibilidade ou a hipótese de um empréstimo feito na Caixa Geral de Depósitos, ou em qualquer outro estabeleci-