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Diário da Câmara dos Deputados
bro, estando nós precisamente nas vésperas das lerias do Natal.
Não imputo culpas a ninguém. As negociações em Londres decorreram como foi possível que decorressem. O negociador regressou há menos de quinze dias a Lisboa, e o então Ministro das Colónias, Sr. Vicente Ferreira, deu se pressa em estudar o projecto de acôrdo e sôbre êste baseou a proposta de lei que trouxe ao Parlamento, recomendando nessa ocasião a máxima urgência, e tam urgênte era o assunto que, apresentando essa proposta a uma sexta-feira, pediu à respectiva comissão para apresentar o seu parecer na segunda-feira imediata.
Não houve nenhuma espécie de dilação da parto do Sr. Vicente Ferreira, pois trabalhou com a brevidade que era possível num assunto desta natureza, o que não quere dizer — e as minhas palavras não envolvera censura a ninguém — que decorressem com censurável morosidade as negociações de Londres.
O chefe da missão que tratava do empréstimo era o mesmo que tratava da convenção, e qualquer das duas cousas só por si absorvia bem a atenção de um homem inteligente e trabalhador, como trabalhador e inteligente é o Sr. Dr. Augusto Soares.
E é esta a situação difícil em que nos encontramos, pois a verdade é que desde que não vá do cá gente, com os homens que lá há nada se poderá fazer.
Êste é o meu ponto capital, a meu ver, pois não se trata apenas de uma proposta de empréstimo para a província de Moçambique, trata-se na verdade de uma autorização para ela depois poder realizar contratos.
Esta, Sr. Presidente, é a minha opinião; de resto eu devo dizer em abono da verdade que a província de Moçambique carece realmente de fazer um empréstimo que lhe dê dinheiro que seja bom a valer, isto é, um empréstimo que lhe dê aquele dinheiro que tem valor estável em ouro.
A êste respeito creio que não poderá haver duas opiniões, muito principalmente para todos aqueles que conhecem a província de Moçambique, visto ser cerro que aquela província carece de dinheiro, e cinco milhões de libras, na verdade, não é excessivo; porém, repito, o Alto
Comissário de Moçambique para poder fazer qualquer cousa de útil para a província terá do levar de cá homens, visto que nada poderá fazer servindo-se, como se costuma dizer, com a prata da casa.
A província carece na verdade de dinheiro, repito, e assim devo dizer, em abono da verdade, que cinco milhões de libras não é excessivo, antes pelo contrário.
As despesas que vão ser feitas para obras, pela fôrça dêste empréstimo, são realmente retributivas mas não imediatamente.
Apoiados.
Vão fazer-se caminhos de ferro. O caminho de ferro em África tom mais exclusivamente que em outras partes ama função económica; o na África do Sul essa preocupação foi até o ponto de se fazer esta cousa original: em toda a parte há a obrigação de não tirar receitas dos caminhos de ferro.
Os nossos não são simplesmente de função económica. Na província de Moçambique os caminhos de ferro dão deficit. Nem um só deixa de ter êste regime, a não ser o de «Ressano Garcia», que tem chegado a dar receitas.
Mas dentro da província tem de haver durante muito tempo caminhos de ferro em regime deficitário.
O famoso vale do Limpopo para cujas obras se destinou uma verba muito gi ando, não se sabe o que será como centro de produção.
Este vale é realmente imenso; é fertilíssimo, dá tudo, o trigo, a aveia, o feijão, tudo. Até se diz que chegaria para abastecer a Europa.
Mas Angola é mais perto e produz os mesmos produtos.
Até agora, ao longo dos caminhos do ferro, não se tem desenvolvido nenhuma espécie de cultura.
Já tive ocasião de dizer que o caminho de forro de Lourenço Marques a «Ressano Garcia», e outros não têm ao longo do seu percurso uma única propriedade.
O caminho de ferro da Swasilândia, no qual se gastaram 2:000 contos, tem dado deficit...
Gastaram se nêste caminho de ferro dois mil o lautos coutos, e eu desejava chamar dêste lugar a atenção do Sr. Alto Comissário do Moçambique para a sua si-