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Sessão de 8 de Janeiro de 1924 11

considerar a situação especial criada por êste Govêrno em face dos princípios.

Neste momento, pois, retomo a minha liberdade de acção,,imitando neste ponto o exemplo do Sr. Álvaro de Castro, que, quando falou na posso do Ministério a que presidiu o honrado republicano Ginestal Machado, o fez mais em seu nome pessoal do que em nome do seu partido.

Deixem-me falar agora em meu nome pessoal.

Pessoalmente também cumprimento os homens que se sentam nas bancadas do Govêrno, alguns dos quais conto no número dos meus amigos pessoais. Especializarei o Sr. Presidente do Ministério, o Sr. Ministro do Interior, o Sr. Ministro do Trabalho, o Sr. Ministro do Comércio e o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, lamentando não ver presente dois dêstes meus amigos, o que constitui já a primeira infracção às tais consagradas praxes.

Das minhas ligações com o Sr. Álvaro de Castro, pode avaliar-se pela declaração que faço: que até o dia preciso da chegada do Sr. Afonso Costa eu fui um dos mais íntimos confidentes do Sr. Álvaro de Castro.

Nessa ocasião, posso garantir, que não eram as melhores as suas disposições, para com o Govêrno do Sr. António Maria da Silva, nem para com a Constituição, entidades de que depois se veio a constituir no mais feroz defensor, tornando-se, segundo a expressão do Sr. Carlos Olavo, um constitucionalista implacável.

Da minha situação perante o Sr. Ministro do Trabalho pode avaliar-se dizendo que eu o considero meu representante no Govêrno. De facto, não me posso esquecer da gentileza com que não há mês o meio S. Exa. acompanhado pelo Sr. João Bacelar quis subir as escadarias do Ministério das Finanças para me dizer que essa política obedecia apenas às minhas sugestões. Ora S. Exa. é um homem honrado; e, não me dizendo até agora que não continua obedecendo às,minhas sugestões, posso, com efeito, considerá-lo meu representante no Govêrno. É certo que S. Exa. se esqueceu de me ouvir sôbre a sua entrada no Gabinete; mas isso não pode alterar êstes valores de posição.

Recordo-me, é verdade, que quando ou estivo encarregado do presidir a umas eleições, na qual manifestei a plena liberdade de voto que eu desejava que todos os Ministros guardem neste País -recordo-me que S. Exa. me enviou por intermédio do Sr. Alves dos Santos o conselho de que os Deputados são como as casas: é melhor comprá-los feitos do que fazê-los. Não quero com isto dizer que foi por uma questão de preço que S. Exa. entrou no Ministério; mas certamente que S. Exa. ainda tem a mesma opinião.

Quanto ao Sr. António da Fonseca é um homem que me acostumei há muito a admirar na sua maleabilidade de inteligência.

Neste ponto não conheço ninguém nesta Câmara que o possa igualar senão o Sr. Ferreira da Rocha. E para provar a minha simpatia por S. Exa. permito-me cantar um episódio: Quando o Sr. Álvaro de Castro formou um Ministério que caiu pela calada da noite, couberam ao Partido Popular, convidado por S. Exa. para se fazer representar no Governo, três pastas.

Manifestei então o desejo ao Sr. Álvaro de Castro de que fizesse parte do gabinete o Sr. António da Fonseca; e, então, o Partido Popular abdicou duma das pastas, para que já estava indicado o Sr. Fernando Brederode, a fim de que o Sr. António da Fonseca, que costumava ser reconstituinte, fizesse parte do Govêrno a meu pedido. Isto prova a minha simpatia por S. Exa.

Fazem ainda parte do Govêrno os Srs. Domingos Pereira e Sá Cardoso antigos Presidentes do Ministério e que por várias vezes têm sido Presidentes desta Câmara.

Bastava esta circunstância para merecerem todo o nosso respeito, se outras qualidades de trato e coração não nos prendessem a S. Exas. A política poderá fazer-nos divergir, mas é impotente para desfazer a amizade que nos une.

Feitos estes cumprimentos aos Srs. Ministros (e peço desculpa de me não referir aos outros por não ter a honra de os conhecer pessoalmente), devo dizer que a declaração ministerial veio tardia.

Realmente, o Govêrno apresentou-se a toda a gente, fez já alguma cousa e só agora vem apresentar-se-nos, alterando