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14 Diário da Câmara dos Deputados

certo tempo. Mas o que é indiscutível é que a pessoa do Sr. Presidente da República foi a primeira preocupação do Sr. Ginestal Machado.

Por circunstanciai várias, a Guarda Republicana não cumpriu tam apressadamente como era para desejar as ordens que recebeu para guardar o Sr. Presidente da República.

Resolvemos que um de nós fôsse para junto do Sr. Presidente da República ou que o Sr. Presidente da República viesse para junto de nós; o neste sentido telefonámos a S. Exa.

Obtivemos de S. Exa. uma resposta evasiva, dizendo que daí a um quarto do hora nos transmitiria, a sua resolução a êste respeito.

Pouco depois a polícia preguntava-nos qual o caminho que seguia o Sr. Presidente da República, que tinha sido visto na cidade. Surprêsa nossa!

O Chefe de Estado tinha, saído de Belém, fazendo uma escapada de colegial e procurando iludir o seu Govêrno.

Protestos da esquerda,

Vozes: — A pessoa do ÍSr. Presidente da República não pode ser discutida!

O Orador: — Sr. Presidente: creio que da parte dalgumas pessoas que julgam que eu me estou excedendo no uso dos meus direitos, há uma ligeira confusão, porque tendo vindo algumas dessas pessoas do Parlamento da monarquia lembram-se só da constituição do regime deposto e não sabem o que é a Constituição da República.

Servindo-me do mesmo direito com que a personalidade do Sr. António José de Almeida, quando Presidente da República, foi aqui discutida pelo Sr. Álvaro de Castro, eu vou continuar.

O Sr. Presidente da República foi, sem conhecimento do seu Governo, ao Corpo de Marinheiros contar quantas praças lá estavam. Dali seguiu para o Arsenal donde, sem conhecimento ainda do seu Govêrno, pretendeu embarcar para bordo do Douro revoltado, navio em que se encontrava chefiando a revolta o Sr. João Manuel de Carvalho, intimo amigo do Chefe do Estado.

Foi depois disto que o Govêrno, topando pelo telefone o Sr. Presidente da
República, lhe manifestou a sua estranheza por S. Exa. se ter querido ir lançar-nos braços dos revoltosos.

O Sr. Presidente da República não podendo ir a bordo do Douro foi para o Quartel do Carmo, isto é, da Marinha passou para a Guarda Republicana, regressando depois a Belém.

O que se vê, Sr. Presidente, é que o Sr. Presidente da República com aqueles passeios todos não fez mais do que exercer uma pura acção presidencialista, acção esta que tanto tem sido condenada por todos aqueles que tam defensores são da Constituição.

A verdade é que S. Exa., exercendo como exerceu urna pura acção presidencialista, não manifestou de qualquer forma a sua discordância ao Govêrno, pois a única forma que tenha para o fazer ora demitindo-o, o que não fez.

Desnecessário se torna, Sr. Presidente, estar a detalhar à Câmara o decorrer de todos os acontecimentos; mas o que é um facto é que o Govêrno estava condenado a morrer por uma de duas fôrças: ou por uma revolta, ou pelo Parlamento. E, assim, não tendo sido derrubado pela revolta, foi-o naturalmente pelo Parlamento.

Foi então, Sr. Presidente, que, lendo sido posta nessa ocasião ao Sr. Presidente da República o problema da dissolução do Parlamento, S. Exa. declarou terminantemente que não queria dissolver o Parlamento, pelo que começou depois a fazer as consultas que é da praxe.

O que na verdade é deveras curioso, Sr. Presidente, é que, depois de todas essas consultas, foi marcado o nome do Sr. Álvaro de Castro para organizar Ministério. Mas indicado por quem, Sr. Presidente?

Pelo Partido a que S. Exa. pertencia, como era natural?

Não, Sr. Presidente, mas sim indicado pelo Partido adverso àquele a que S. Exa. pertencia — o que mostra bem os entendimentos que havia entre o Sr. Álvaro de Castro e aquele Partido.

Apoiados.

Decretou-se a nossa condenação sem se ouvir o Partido Nacionalista. Desta falta o Sr. Presidente da República não conseguiu outro resultado senão estabelecer a seisão no Partido Nacionalista, de onde proveio a queda do Govêrno, — não por