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Sessão de 8 de Janeiro de 1924 15

fraqueza dêste, mas pelo acto presidencialista.

Foi, pois, uma manifestação contra o Partido Nacionalista, contra a sua existência,— e isso foi provocado pelo Presidente da República.

Não apoiados.

Apoiados.

Isto é uma opinião pessoal, muito minha e da qual tomo a responsabilidade inteira, por uma forma clara, — muito mais clara do que a de outras entidades.

Historiar os acontecimentos não merece a pena. O Govêrno do Sr. Álvaro do Castro tem sido elogiado pela imprensa que logo do princípio o acompanhou, ao contrário do que fez com o Partido Nacionalista. Não se vanglorio ninguém dêsses elogios, pois êles são pagos caros, ou por pecúnia ou por favores. Eu faço inteira justiça ao Sr. Álvaro do Castro: — S. Exa. não se presta a semelhantes cousas; mas é bom recear dêsse apoio que à mais pequena cousa pode desaparecer.

Eu vou dizer a V. Exa. o que é o apoio da imprensa, duma parte da imprensa do meu país.

Refiro-me ao Sr. general Norton de Matos. S. Exa. tem tido uma imprensa favorável, se exceptuarmos o jornal A Pátria e poucos mais; mas é bom que a Câmara saiba o que custa na imprensa o elogio feito aos homens.

No dia 15 de Outubro de 1921 foi publicado no Século um artigo intitulado Angola progressiva.

São duas meias colunas de elogio à acção do Sr. Norton de Matos, que é realmente um homem, pelas suas qualidades de acção, digno de elogio. Mas, Sr. Presidente, eu tenho aqui na mão o recibo autêntico do custo dêsses elogios: custaram três contos por um lado — trezentas linhas a dez escudos cada — e depois mais ainda, conforme o documento passado pela Agência Colonial de Angola à Empresa de Publicidade, — mais 2:120$00. Quere dizer: — êste elogio custou 5:120$.

Mas há mais.

Publicou o jornal O Mundo uma colecção de artigos todos de elogio ao Alto Comissário de Angola subordinados a êste título Obras e não palavras.

São elogios à acção do Sr. Norton de Matos. Também aqui tenho uma série de facturas respeitantes ao preço dêstes artigos.

Mas há mais e melhor.

Tenho aqui três ecos do jornal O Mundo subordinados ao título Alto Comissário.

Êstes três ecos custaram 7:560$, segundo o recibo que aqui tenho.

A verdade, portanto, é esta: da imprensa portuguesa é digna e honrada aquela que vive com dificuldades. Eu tenho o maior de todos os respeitos, por aquelas pessoas que trabalham na imprensa e que são forçadas muitas vezes a escrever cousas contrárias ao seu modo do ver, de sentir, que lutam para se manterem com dificuldades, que lutam ferozmente com a carestia do papel.

Há jornais muito honrados; mas a circunstância dos elogios duma parte da imprensa ou dos seus vilipêndios hoje nada quere dizer, porque se paga para elogiar e se paga para deprimir.

O Sr. Carvalho da Silva: — Quere dizer que não se fazem «afirmações gratuitas»»

Risos.

O Orador: — Quere isto dizer, portanto, que nem sempre são absolutamente convincentes os elogios da imprensa, que há aquela imprensa honrada que não vende os seus favores e aquela que os mercadeja como as colarejas, e que a opinião pública orientada por uma imprensa deletéria é hoje de si uma ditadura pior que todas as outras, — e isto porque só têm em vista deturpar todos os pensamentos exigindo que toda a gente veja por um prisma diferente daquele por que deve ver.

Veja-se como foram realizadas as minhas pobres propostas de compressão de desposa; veja-se como foi deturpado o seu sentido e como se fez depois esta fácil exploração.

E verdade que nas propostas apresentadas pelo Govêrno do Sr. Álvaro de Castro há muito daquilo que existia no trabalho do Ministro das Finanças que o precedeu; mas aquele teve a suprema habilidade do realizar quando êste procurava simplesmente interpretar as leis e verificar se dentro delas havia qualquer forma para imediatamente iniciar a compressão de despesas.