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10 Diário da Câmara dos Deputados

Maria da Silva, porque era necessário, sem demora de uma hora mais, resolver a questão financeira, que ia comprometendo a vida do País.

Pois estamos a 9 de Janeiro e nada se fez para acudir a êsse grave problema nacional!

A única cousa que se fez nesse sentido foi alargar a circulação fiduciária.

A República mio sabe fazer outra cousa que não seja alargar a circulação fiduciária, aumentar desposas e lançar impostos.

Apoiados.

Ápartes.

Sr. Presidente: depois do que nós ouvimos ontem ao Sr. Cunha Leal, temos de constatar mais uma vez que não se trata de uma crise ministerial, mas de uma crise do regime e de uma crise nacional.

As revelações feitas à Câmara pelo Sr. Cunha Leal acerca da maneira como se faz opinião neste País a respeito do vários assuntos de administração, impondo só aos homens públicos, impondo se essa opinião em artigos pagos nos jornais, são a prova do que acabo de dizer a respeito de crises.

O que o Sr. Cunha Leal revelou ontem nesta Câmara acerca do Alto Comissário de Angola e dos artigos que S. Exa. leu são o espelho dos processos de administração dum regime e da moral política da República.

Apoiados.

Nào apoiados.

Antes, porém, de me ocupar mais largamente dêsse assunto, não posso deixar de, ao apresentar-se o actual Govêrno, dizer que mais uma vez se provou que a República não podia deixar de ser aquilo que tem sido, o que não pode deixar de ser um feudo do Partido Democrático, que não abandona as cadeiras do Poder, que não consente que mais ninguém nelas se sente.

Apoiados.

Não apoiados.

Tomou o Partido Nacionalista conta do Govêrno e não temos nós que lhe criamos dificuldades. Pelo contrário. Dizendo-se um partido conservador, ou um partido que constitui a extrema direita da República, muito desejaríamos que se conservasse no Poder. Mas o que vimos nós? Que só se pôde conservar nas cadeiras do

Poder vinte e oito dias, e isso para que deixasse uma vida mais fácil aos Governos democráticos que se lhe seguissem e com um novo alargamento da circulação fiduciária.

Já por três ou quatro vezes se tentou na República uma solução conservadora, e não devem estar desanimados aqueles que tenham a infelicidade de supor que é possível haver dentro da República uma solução com uma certa cor conservadora. O Govêrno que acabou de sair do Poder já se conservou mais tempo nas cadeiras do que o Govêrno presidido pelo Sr. Fernandes Costa... Isto vai em progresso!

Não falando já na situação do Sr. general Pimenta de Castro e na situação Sidónio Pais, temos de constatar: primeiro, a tentativa Fernandes Costa, que durou dois dias; depois o Govêrno do Sr. Barros Queiroz, que durou dois meses, se não me engano; a seguir o Govêrno do infeliz Dr. António Granjo, que durou um mês e tal e acabou como V. Exas. sabem. Veio então o Govêrno do Sr. Ginestal Machado, meu querido amigo pessoal, que durou vinte e oito dias, parecendo até que durou êsse tempo precisamente para que ao Sr. Pedro Pita fôsse concedido falar de ora avante nos Governos da monarquia, de que tinham sido Governos dos «28 dias de Clarinha».

Pois o Sr. Pedro Pita teve ocasião de fazer os «28 dias de Clarinha» — e duma Clarinha muito simpática, como S. Exa. é!

Risos.

A forma por que o Sr. Ginestal Machado abandonou as cadeiras do Poder veio ainda pôr mais em relevo a impossibilidade de haver qualquer solução conservadora dentro da República.

Apoiados.

S. Exas., com o seu Govêrno, conseguiram dominar o movimento revolucionário, e nós, adversários do regime, fomos os primeiros a reconhecer que era fazer o jôgo dos inimigos da ordem derrotar êsse Govêrno nas circunstâncias em que o foi.

Pois, Sr. Presidente, a maioria da Câmara, os republicanos, entendeu que era essa a melhor oportunidade, fazendo assim com que mais uma vez, em todas as tentativas de alteração, da ordem que têm havido na República, aqueles elementos