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Sessão de Janeiro de 1924 11

que tinham prestado ao país o seu serviço e que restabeleceram a ordem fossêm afinal verdadeiros vencidos e os vencedores fossem os desordeiros, os revolucionários.

Isto quere dizer, Sr. Presidente, que na República quando se fala em ordem diz-se logo: «Perigo! Monarquia!». República com ordem são cousas incompatíveis no nosso país!

Apoiados.

Não apoiados.

Tara incompatíveis, Sr. Presidente, que quando nós vamos pela rua e ouvimos o barulho dos taipais dos estabelecimentos a fechar, e preguntamos o que há, respondem-nos: «Houve um viva à República!». E quando há um viva à Republica, toda a gente foge e os logistas fecham imediatamente as suas portas. Emfim, é a desordem!

Mas se olharmos à situação do País em matéria financeira e verificarmos o que se tem passado desde a queda do Govêrno do Sr. António Maria da Silva até o presente momento, constatamos mais uma vez a falência completa da República, absolutamente incapaz de resolver a questão financeira, a mais grave das questões que o país atravessa.

O Partido Democrático, pela boca de S. Exa., disse que era necessária a constituição dum Govêrno de salvação pública, tais as dificuldades tam angustiosas da situação do País. E então procurou-se — porque é um dos costumes da República — chamar à actividade política, para consertar isto, o homem que tinha escangalhado tudo, o homem que derruiu neste país os princípios da ordem e da família, o homem que nos levou à política desastrosa da guerra e à terrível situação financeira em que nos encontramos. E assim o costume da República: quando alguém estraga uma questão, como, por exemplo, a questão cerealífera, a questão das subvenções, a questão religiosa, é êsse precisamente que é sempre chamado para as grandes ocasiões. Pois chamou-se êsse homem público...

O Sr. Morais Carvalho: — Agora já não é público!

O Orador: —... e, como de costume, não veio, ou, antes, veio, mas não formou

ministério. E o Partido Democrático, o maior dos partidos da República, o único que dentro do regime republicano está em condições de assumir o Poder, declara, assustado, que a questão financeira não admite demoras na sua solução, o não encontra um homem dentro das suas fileiras capaz de a resolver! Prova máxima da falência dêsse partido.

Organiza-se um Govêrno nacionalista, que durou o tempo necessário paro o Partido Democrático o derrubar, e então vimos nós ser chamado o Sr. Álvaro de Castro, precisamente o Deputado que nesta Câmara apresentou uma moção de confiança ao Govêrno que tinha caído!

É S. Exa. chamado, com o Partido Democrático, a constituir um Govêrno, até que venha o Govêrno ambicionado para resolver os problemas da administração pública.

É êsse Govêrno que aparece aqui aos bocados, e depois de quinze dias ter ocupado interinamente a pasta das Finanças é que assumiu a sua gerência.

Nem o maior partido da República, unido à facção nacionalista, conseguiu encontrar um homem para resolver o problema financeiro!

Parece que o País pode estar à espera dos expedientes das declarações de fidelidade à Constituição!

Como se o País pudesse estar à espera que venha um dia o homem capaz de resolver o problema, financeiro!

Basta isto para desde já estar condenado o actual Govêrno.

Se é assim que mais ninguém pode governar, senão o Partido Democrático, eu pregunto se isto não é a confissão tácita de que o regime não pode resolver o problema nacional.

O Govêrno procurou fazer uma colheita de Ministros numa seara bonita; e eu, sem querer meter a foice em soara alheia, vejo que o Govêrno tomou uma nova orientação, segundo uma entrevista dada a um jornal pelo Sr. Ministro da Instrução.

S. Exa., salvo o devido respeito, é uma das pessoas que me infundem maior mêdo, porque tenho muito medo dos intelectuais quando entram na vida prática.

O Sr. Ministro da Instrução, nessa entrevista, disse em primeiro lugar que era o representante de escola da intelectuali-