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Sessão de 9 de Janeiro de 1924 15

sôbre que desejava ouvir a opinião do Govêrno.

Resta-me lamentar que esteja nas cadeiras do Poder um Govêrno de colaboração íntima com o Partido Democrático.

E o Partido Democrático que está indirectamente ocupando as cadeiras do Poder.

Apoiados.

Não apoiados.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Vai ler-se uma nota de interpelação.

Leu-se na Mesa uma nota de interpelação do Sr. Hermano de Medeiros.

Foi expedida e vai adiante publicada.

O Sr. Jorge Nunes: — Cumpridos os elementares preceitos de cortesia parlamentar, cumprimentando o Govêrno, consinta V. Exa., Sr. Presidente, e a Câmara consinta que eu ao mesmo Govêrno laça muito poucas referências, não por menos consideração pessoal, mas porque eu entendo que a forma como êste Ministério se organizou carece da atenção da Câmara e sobretudo de todos os republicanos.

Sr. Presidente: - mais uma vez a política da República foi prejudicada pela a acção do Partido Democrático!

Protestos da esquerda.

É uma dura verdade, que arrepia alguns Srs. Deputados daquele lado da Câmara, mas dentro do Partido Democrático há homens de fé republicana que no íntimo da sua consciência estão de acordo comigo.

Esto Govêrno gerou-se de uma cabala política e, lá vai a profecia, aquilo que se fez ao Partido Nacionalista o mesmo se fará ao Partido Democrático.

O que se deu foi um caso inédito na política portuguesa, e creio que dentro da política do todo o mundo.

Aproveitou-se a scisão latente de uma fôrça da República, provocando a eclosão, que pode ferir a República, para o fim de escalar o Poder.

Em todas as ocasiões eu compreenderia que o Sr. Álvaro de Castro fôsse chamado a chefiar um Govêrno, mas nunca nas condições em que o fez.

E fácil encontrar amigos quando se sobe até às cadeiras do Poder, mas é fácil também, e logo depois, sentir o vácuo; e é o que já está sucedendo.

Mal vai ao Partido Democrático o querer convencer os republicanos que só êle pode governar quando entender o quiser.

Só êle, e mais ninguém!

E assim, Sr. Presidente, não será para admirar que êle seja vítima, não por nós, mas por outrem, das armas de que lançou mão, e talvez mais cedo do que muita gente julga, que o hão-de ferir e profundamente.

O que se torna absolutamente necessário é que os republicanos os que têm o máximo respeito pela Constituição e o máximo respeito pelos Poderes do Estado, estejam vigilantes e examinem com cuidado a acção do Governo que presentemente se encontra naquelas cadeiras.

Sr. Presidente: eu bem podia, se quisesse, explicar fàcilmente a maneira como se organizou aquele Govêrno.

O Sr. Álvaro de Castro quis organizar Govêrno; porém, não só preocupou em encontrar adentro da República quem melhor pudesse administrar o Estado, isto é, com economia, com saber e com competência, pois, a verdade é que procurou organizar um Ministério fôsse como fôsse; e assim, na ânsia de arranjar Ministros, foi até ao ponto do ir colher um Ministro a uma outra seara.

Assim foi a Seara Nova, onde colheu um homem para uma das cadeiras do seu Ministério, o qual numa entrevista que to vê com um jornalista, e para isto eu chamo a atenção da Câmara, disse o que se que encontra no jornal a Tarde.

Mas o que falta saber é só a elite intelectual da Nação, tão brilhantemente representada no Govêrno, essa tal elite da Seara Nova, está com a República como nós estamos.

Sr. Presidente: o Sr. Presidente do Ministério tem, por mais de uma vez, proclamado o seu respeito máximo pela Constituição, mas nos seus decretos, que são sempre poeira lançada aos olhos do público, por uma imprensa que tem apenas o propósito do sofismar tudo aquilo que é contrário aos seus interêsses, verifica-se que há apenas uma obra de fantasia, pois o Govêrno não acabou com cousa nenhuma que tem anunciado pelos seus grandes órgãos.