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16 Diário da Câmara dos Deputados

res que o Parlamento lhe conferiu os usou utilmente; os seus pedidos futuros serão pois baseados em factos já realizados e nunca em factos-promessas.

Sr. Presidente: entre os vários problemas que aqui foram debatidos e sôbre os quais se pedia a orientação do Govêrno, foi a questão do trigo, a questão do pão; a ela se referiu o Sr. Carvalho da Silva.

Sr. Presidente: a questão do pão está hoje mi orientação que lhe foi dada pelo Sr. Ministro da Agricultura, Sr. Joaquim Ribeiro; entende, porém, é Govêrno que essa orientação terá de ser corrigida num ponto ou noutro de maneira a tirar dela toda a possível forma. O Govêrno comtudo orientar-se-há numa política essencialmente nacional, empregando para isso todos os seus esfôrços. Êste problema, porém, poderá ser discutido com mais largueza quando especialmente se tratar do problema dos trigos; contudo indica já ao Sr. Carvalho da Silva a orientação geral do Govêrno sôbre esta matéria.

Sr. Presidente: produziram-se nesta Câmara objecções de ordem política a que tive ocasião já de me referir ligeiramente, objecçõas políticas e a declaração pessoal do Sr. Cunha Leal. Fizeram-se referências à acção dó Sr. Presidente da República durante os acontecimentos passados, e à constituição do actual Ministério.

Eu entendo, Sr. Presidente, como Deputado e como Presidente do Ministério, que a figura do Sr. Presidente da Republica não carece das minhas palavras de defesa porque os seus actos são aplaudidos pela Nação inteira.

Apoiados.

Quanto aos factos políticos passados, que o Sr. Jorge Nunes classificou de cabala, que se deram para a constituição dêste Govêrno, deixo-os à apreciação da Câmara; e quanto àquelas palavras que directamente pretenderam atingir-me eu cinjo-me ao silêncio absoluto que costumo usar quando entendo que a minha defesa para ser a minha defesa pode ser um ataque á República.

Eu podia, Sr. Presidente, perante a Câmara do meu País, perante a Nação inteira justificar inteiramente todos os meus actos.

Não é a interpretação que qualquer pessoa lhes possa dar que me aflige, mas

afligir-me-ia muito se, para definir determinadas atitudes, eu tivesse de chamar à tela da discussão factos, circunstâncias, instituições e pessoas com que a minha defesa certamente ganharia, mas com que o prestígio das instituições nada lucraria.

Não é de agora que o meu silêncio tem sido absoluto perante factos e a respeito de factos em que eu tenho sinceramente intervindo na minha vida passada de político.

Há factos culminantes nas circunstâncias perturbadas que a nossa política tem atravessado, e até hoje ninguém viu que eu fizesse determinadas declarações de maneira a esclarecer pontos que para muitos podem ser obscuros.

Desde o dia em que eu tive de tomar uma atitude política, saindo do partido onde por muitos anos militei, e com honra militei, honrando-me de a êle pertencer, nunca no Parlamento ou fora dele eu fiz a declaração do que tinha sido o motivo ou os motivos que tinham originado a minha atitude.

Mais tarde, encontrei-me em circunstâncias bastante graves com a personalidade mais alta da República; isso não impediu que a minha voz se calasse no Parlamento, que não dissesse uma palavra a propósito dessa atitude e a propósito do Presidente da República, não impedindo igualmente que nele reconhecesse sempre o Presidente eleito da República, cumprindo inteiramente os meus deveres de republicano para com a pessoa que o Parlamento tinha eleito e ainda não havia destituído.

A minha consciência, absolutamente tranquila hoje como ontem e através de todos os tempos passados, diz-me agora, segreda-me ao ouvido que à República nunca faltei com a minha fé, com a minha energia, com o meu esfôrço, e não tive só de suportar calúnias, tive também de atravessar perigos de morte.

Quando eu vi que havia uma política nacional a fazer, e que o meu nome era indicado para organizar ministério, entendi que não devia negar a prestação de um serviço à República e, pondo em jôgo a minha situação política e até a minha vida, arranquei os liames fortes que entravavam a minha acção, olhando acima de tudo o bem da República.