O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 10 de Janeiro de 1924 19

que não fica de pé, porque amanha qualquer Govêrno pode legalmente eliminar tudo!

Nós compreendemos e queremos que se reduzam as despesas, mas que essa obra se faça com critério e conhecimento perfeito e só assim é que o Estado poderá saber se tem funcionários a mais e o destino que lhes pode dar.

As declarações que fiz mantenho-as sem alteração, sem intuito de melindrar seja quem fôr.

Com todos os Srs. Ministros tenho as melhores relações, porém quem teve ocasião de ouvir a crítica feita ao meu discurso pelo ilustre Deputado o Sr. Carlos Olavo, poderá julgar que os membros que ocupam o Govêrno são meus inimigos irreconciliáveis.

Isto, Sr. Presidente, não é assim, pois a verdade é que conto lá bons amigos, como por exemplo os titulares das pastas dos Negócios Estrangeiros e do Comércio, os Srs. Domingos Pereira e António Fonseca, por quem tenho a máxima admiração e consideração.

Se bem que seja muita a consideração que tenho pelos membros do Govêrno, não posso, no emtanto, deixar de dizer à Câmara e ao País aquilo que sinto sôbre a orientação seguida pelo Govêrno.

Sr. Presidente: poucas serão as minhas considerações; no emtanto não posso deixar de declarar que foram injustas as palavras que me foram dirigidas, pois a verdade é que a atitude que eu tomei não pode de forma alguma ser considerada como teatral.

Disse eu ontem, e repíto-o hoje, que as economias realizadas não são economias, pois a verdade é que todos os funcionários, cujos lugares foram extintos, continuarão a receber os seus ordenados, excepção apenas dos administradores dos concelhos; porém, quanto a êstes, mais tarde se verá a conveniência ou inconveniência na sua extinção, pois sou de opinião que a República está ainda muito verde para poder dispensar êsses agentes do Poder Central.

O grande cavalo de batalha do Sr. Presidente do Ministério é extinguir uns tantos lugares que não estão ocupados.

Diz-se na imprensa que o que se passa nesta casa não prende a atenção de ninguém, pois o País está preocupado a ouvir

o Século e o Sr. Presidente do Ministério nas suas remodelações do serviço público.

Mas muito mais cedo do que o Govêrno imagina terá a prova em contrário.

Tenho dito.

Apoiados.

Vozes: — Muito bem.

O orador não reviu.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Embora não fale sôbre a ordem, mando para a Mesa uma

Moção

A Câmara, reconhecendo que a crise em discussão constitui um dos sintomas graves da crise do regime republicano, continua na ordem do dia.—Paulo Cancela de Abreu.

Sr. Presidente: não tinha o propósito de intervir neste debate político, e entrei hoje na sala inteiramente disposto a não me manifestar, pois entendi que nada mais era preciso para demonstrar a crise gravíssima nacional.

Nem mesmo eu me devia manifestar depois de ter falado o sub-leader Sr. Carvalho da Silva, mas o meu temperamento não mo permitiu, em vista das afirmações do Sr. Presidente do Ministério, acerca da impecabilidade do Govêrno.

Tem havido várias crises, sem contar com aquelas que se deram mesmo com o Sr. António Maria da Silva, no Poder.

Já se apreciou aqui o trabalho, a dificuldade que houve em arranjar um Ministro das Colónias.

Já se apreciou aqui a circunstância de o Sr. Álvaro de Castro, tendo sido governador de uma colónia, sendo Deputado por essa colónia, não querer, calculadamente, tomar conta daquela pasta; êsse assunto há-de ser ainda apreciado detidamente por êste lado da Câmara, quando vier à discussão o famoso empréstimo para Moçambique, porque então se dirá que o Sr. Álvaro de Castro, não querendo ou não podendo dizer abertamente que é absolutamente contrário a essa operação ruinosa para o País, não quis tomar conta da pasta das Colónias, como se aqui não estivéssemos todos para preguntar claramente a sua opinião, para S. Exa. dela assumir a responsabilidade, não só como