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Sessão de 10 de Janeiro de 1924 17

Não terei a bênção transitória dos homens, mas hei-de ter a bênção da República.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem.

O orador foi muito cumprimentado.

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Carlos de Vasconcelos: — Requeiro que V. Exa. consulte a Câmara sôbre se permite que a sessão seja prorrogada até finalização do debate político.

Pôsto o requerimento à votação, foi aprovado.

O Sr. Marcos Leitão (em nome da comissão de instrução secundária):— Comunico que acaba de se instalar a comissão de instrução secundária, tendo nomeado o Sr. João Camoesas para presidente, e a mim para secretário.

O Sr. Alberto Cruz (em nome da comissão de saúde e assistência: — É para comunicar à Câmara que já se instalou a comissão de saúde e assistência, tendo escolhido para presidente o Sr. João Camoesas e a mim para secretário.

O Sr. Carlos Olavo: — Seguindo os preceitos do Regimento, mando para a Mesa a minha moção de ordem:

A Câmara dos Deputados, reconhecendo que o Govêrno foi constituído segundo es preceitos constitucionais e corresponde às necessidades e aspirações da Nação, continua na ordem do dia. — Carlos Olavo.

Sr. Presidente: o debate político já vai longo e ou não tenho a pretensão de o alongar ainda mais no momento em que êsse debate se encontra inteiramente esclarecido pelo claro o notável discurso que acaba do proferir o Sr. Presidente do Ministério.

Todos os partidos representados nesta Câmara formularam pela boca dos seus leaders as criticas e comentários sôbre as

ideas do Govêrno e até sôbre a sua constituição.

Permita-me agora a Câmara que eu destaque, de entre todos êsses discursos, aquele que foi pronunciado pelo meu velho amigo e distinto parlamentar, o Sr. Jorge Nunes, que falou em nome do Partido Nacionalista.

Foi o discurso de S. Exa. o perfeito modelo dum discurso oposicionista, à moda antiga: faccioso, apaixonado, cheio de ataques injustos e de retaliações descabidas.

Não quero referir-me às ironias de mau gosto que o Sr. Jorge Nunes dirigiu aos Ministros que fazem parte dêste Govêrno, o pertencem à Seara Nova e, especialmente, ao Sr. Ministro da Instrução Pública, a quem a facção que em Portugal, parece ter feito monopólio da inteligência, não leva a bom que seja, de facto, um intelectual na verdadeira acepção da palavra.

Não tenho procuração da Seara Nova, para a defender, mas tenho o direito de dizer que a ninguém é lícito pretender menoscabar um grupo do homens movos que se propõe fazer a propaganda de princípios que podem ser discutíveis, mas que merecem o respeito de toda a gente pela sinceridade o pelo talento com que são defendidos. Tanto mais quanto é certo que ninguém desconhece que êsse grupo de homens novos inscreve no seu programa o culto da mais pura arte e a prática do mais alevantado patriotismo. Devemos-lhe esta, homenagem e o Parlamento honra-se prestando-a na pessoa dos homens, que pertencendo á Seara Nova, se sentam hoje nas cadeiras do Govêrno.

Apoiados.

A nota facciosa do discurso do Sr. Jorge Nunes revela-se especialmente na parte em que S. Exa. veio, com o ar mais sério dêste mundo, proclamar a incompetência do Govêrno, no próprio momento em que êle se apresenta ao Parlamento e quando apenas começou a praticar os seus primeiros actos de administração.

Até aqueles homens que como o Sr. Lima Duque, Ministro do Trabalho, foram ontem seus correligionários e tinham, portanto, a admiração e a solidariedade do Partido Nacionalista, mereceram hoje as ironias o retaliações do Sr. Jorge Nunes.