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Sessão de 11 de Janeiro de 1924 11

mias e à tentativa de reduzir a Pátria Portuguesa á dependência exclusiva de uma companhia que se chama de Portugal e Colónias.

Apoiados.

Não invejo ao Sr. Presidente do Ministério os apoios de que dispõe, mas reconheço que colocam S. Exa. numa posição bem diferente da nossa.

Emquanto que o Govêrno da presidência do Sr. Ginestal Machado foi recebido na ponta das espadas por essa imprensa a que me referi, o do Sr. Álvaro de Castro encontrou uma explosão de entusiasmo, que era natural que encontrasse também o Govêrno do Sr. Ginestal Machado por ser constituído também por pessoas competentes e por pessoas de bem!

Apoiados.

O Sr. Álvaro de Castro, seguindo a boa norma que a todo o estadista se impõe, não profere uma palavra que possa ferir a República ou a Pátria, e estranhou que eu me tivesse referido ao Sr. Presidente da República em termos que não quis acompanhar na discussão, tendo feito esta afirmação:

Felizmente que o Sr. Presidente da República é conhecido e apreciado pelo país»!

E eu respondo ao Sr. Presidente do Ministério, com as suas próprias palavras:

Felizmente que o Sr. Presidente da República vai sendo conhecido e apreciado pelo país, como merece!

Apoiados.

Teve o Sr. Presidente da República, também, a felicidade de encontrar apoio naquela mesma imprensa onde o encontrou p Sr. Álvaro de Castro. Não dou ao Sr. Álvaro de Castro parabéns pela companhia.

Já afirmei nesta casa do Parlamento que as palavras que pronuncio são da minha exclusiva responsabilidade. Como homem tomo-a inteiramente.

Não quero enxovalhar nem deprimir a República nem tam pouco os homens que a servem.

Nunca enxovalhei, nunca deprimi quem se sabe conduzir honradamente, mas metido dentro daqueles precisos termos da Constituição a que ontem se referiu o Sr. António Maria da Silva, eu aprecio, eu critico os actos públicos da-

queles homens que, precisamente por ocuparem situações de previlégio, têm obrigação de medir cautelosamente os seus actos e as suas palavras e não medem nem os seus actos nem as suas palavras.

Tenho o direito do acusar alguém que tem feito da política portuguesa um novelo, alguém que trasladou para a vida pública os bizantinismos que enxertou na literatura.

Ainda hoje me não arrependo de ter votado no terceiro escrutínio da eleição presidencial em lista branca...

Vozes: — Nem eu!

O Orador: — O Sr. Álvaro de Castro respondeu ao de leve às considerações que eu havia feito sôbre a maneira Somo S. Exa. tinha procurado intervir na vida política até ao momento em que na estação de Entre-Campos desembarcou o Sr. Afonso Costa.

O Sr. Álvaro de Castro afirmou que podia esmagar-me fàcilmente, reduzindo as minhas afirmações a pó, terra, cinza e nada. Ás vezes esta maneira do responder encerra uma forma cómoda de nada dizer. O Sr. Álvaro de Castro, respondendo como respondeu, colocou-se na posição de não querer responder nada.

Eu, por mim, tenho a declarar que mantenho todas as minhas afirmações e a opinião de que as atitudes do Sr. Presidente da República e do Sr. Álvaro do Castro contendem com os regulamentos militares. Se o Sr. Ministro da Guerra quiser proceder a averiguações, por elas se provará a razão que me assiste.

Não vou agora reeditar essas afirmações. Limito-me a declarar que as mantenho integralmente.

Eu não me envergonho das acusações que fiz. A dignidade, embora ande amarfanhada, por vezes, através dos embates da vida política, ainda vale alguma cousa.

Apoiados.

Não me envergonho, por isso, de nenhuma das acusações que fiz a alguém que, exercendo um alto cargo, não soube manter-se nele com aquela serenidade própria do lugar que ocupa e aqueles puritanos defensores da Constituição que a têm mais nos lábios que rio coração.

Apoiados.