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12 Diário da Câmara dos Deputados

Podem-me acusar de tudo o que quiserem. Não me importo, porque eu penso sempre aquilo que digo. Se acusei alguém altamente colocado foi porque, em determinado momento, senti a minha consciência de português e de republicano vexada.

Sr. Presidente: não quero ser o elemento perturbador da vida política da República. Mas se dizer a verdade, sempre a verdade, é um escolho para quem não sabe cumprir o seu dever, então que seja eu o elemento perturbador da vida da Republica. Por amor do regime e da Pátria não me importarei de o ser.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem.

O orador foi muito cumprimentado.

O orador não reviu.

O Sr. Carvalho da Silva: — Sr. Presidente: não vou tomar muito tempo à Câmara, mas a resposta do Sr. Presidente de Ministério obriga-me a dizer algumas palavras, visto que S. Exa. nada respondeu sôbre os pontos que referimos dêste lado da Câmara.

O Sr. Presidente do Ministério, que há meses vinha aconselhando e defendendo a constituição de um Govêrno nacional de salvação pública, sabendo, como todos sabem neste país, que o problema financeiro é o principal, e urgente a diminuição de despesas,públicas, devia ser incansável em cumprir essa obrigação ante as necessidades do país.

Havendo um déficit de tantos milhares de contos, o Sr. Presidente do Ministério, julgando dizer uma cousa, assombrosa, afirmou que a sua obra traria a redução de 25:000.contos anuais nas despesas do Estado.

Pregunto se um homem que conhece as dificuldades da vida nacional pode tomar a sério esta afirmação de economias.

Sr. Presidente; os factos mostram que o Sr. Presidente do Ministério, segundo o que dizem os jornais, afirmou na reunião da maioria que está no Govêrno para cumprir aquilo que o Partido Democrático quis realizar quando estava no poder e que S. Exa. combateu como leader do Partido Nacionalista.

Lembro que numa sessão que houve num domingo, quando o Sr. António Maria da Silva quis prorrogar a sessão legislativa, S. Exa. combateu os propósitos do Govêrno e as propostas do Sr. Velhinho Correia, e agora S. Exa. vem declarar nessa reunião da maioria que aceita as propostas do Sr. Velhinho Correia e diz que vai defender a proposta do Sr. Vitorino Guimarães acerca do imposto de contribuição de registo, e a do imposto do sêlo do Sr. Velhinho Correia, porque concorrerão para diminuir o déficit.

S. Exa. está, pois, no Govêrno para cumprir aquilo que antes julgava inconveniente aos interêsses do País.

Apoiados.

Bastavam êstes factos para não deixar de pôr em relevo as palavras de S. Exa. Sr. Presidente: dêste lado foram feitas preguntas concretas sôbre problemas que interessam à população de Lisboa e S. Exa. não mostrou ter ideas concretas para resolver êsses problemas.

Apoiados.

Ápartes.

Apesar de adversário político de S. Exa. mantendo de há muito relações de amizade com S. Exa., foi com desgosto que ouvi a sua resposta quanto à questão do pão.

De todos os pontos do país vêm reclamações, porque o seu preço e qualidades são absolutamente um escândalo, sendo dever do Govêrno apresentar medidas para que a moagem não continue a tripudiar sôbre o país, mas S. Exa. não apontou um único ponto de vista das suas ideas, limitando-se a dizer que o caso merecerá a atenção do Govêrno.

Estamos numa época em que tudo está transformado, e assim, sendo costume, e dever, ao tratar-se de uma apresentação de um Govêrno ao Parlamento, êsse Govêrno estar todo na Câmara, vemos que o actual Govêrno está apenas representado por quatro dos seus membros, e assim, não estando presente o Ministro da respectiva pasta, eu desejo todavia que o Sr. Presidente do Ministério me responda concretamente à pregunta que vou fazer, qual é o que há a respeito de um convénio assinado entre o Sr. Vasconcelos e Sá e as padarias independentes da cidade de Lisboa.

É mais útil tratar dêstes assuntos que estar a discutir o amor à Constituição e à