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Sessão de 17 de Janeiro de 1924 17

quiseram entender e nunca puseram na devida equação.

Se um País, como no nosso caso, movimenta todas as suas riquezas, faz o movimento do toda - a sua acção comercial, industrial e particular com 80:000 contos de circulação fiduciária e monetária, que era pouco mais ou menos o que existia em 1914; êsse país, aumentando os meios de troca sem ter aumentado a soma de produtos num valor correspondente, deprecia a moeda em circulação precisamente na importância da nova moeda que lançar no mercado.

Assim é que os Governos do meu país a partir de 1915 têm praticado. O aumento de circulação fiduciária tem sido o mal, quando se devia ter recorrido ao empréstimo e ao imposto.

A desvalorização da moeda é da exclusiva responsabilidade dos homens que têm administrado o meu país; foi a política financeira da guerra que levou o país ao abismo.

Quando foi necessário fazer o recrutamento para o nosso exército, se se tivesse dito que eram necessários sacrifícios, que era preciso pagar-se impostos, que tinhamos que pagar porque assim era preciso, que tínhamos que recorrer ao empréstimo, então estava bem.

Ninguém fez isso e as conseqüências são estas que nós vemos agora.

Apoiados.

Isto tem sucedido cá e no estrangeiro. De 1914 para cá temos um custo de vida aumentado 22 vezes.

Em 1808, quando D. João vi fugiu para o Brasil com a sua corte, não teve outro recurso senão lançar-se no papel moeda e o câmbio de 67 1/2 desceu para 24 e daí a depreciação da moeda brasileira.

Êstes fenómenos dão-se no estrangeiro e vê-se o que se está passando em Inglaterra e em França, em que os seus homens têm feito todo o possível para evitar a descida do câmbio. Êste fenómeno repete-se em toda a parte.

Temos vários factores como a balança comercial e a balança de pagamento.

Têm-se feito as afirmações mais injustificáveis e infelizmente as nossas estatísticas não nos fornecem os elementos de precisão e os poucos que temos são publicados com muito atraso e de nada servem.

A balança comercial está evidentemente desiquilibrada.

Interrupção do Sr. Nuno Simões que se não ouviu.

O Orador: — O desiquilíbrio da balança comercial é um facto; mas a balança de pagamento essa está equilibrada.

O facto é que se vê que não podemos contrair empréstimo no estrangeiro, o que só nos melhoraria a situação.

O Estado Português tem pago os seus encargos e até muitas pessoas se dão ao luxo de gastar ouro em termas estrangeiras, bem inferiores, às nossas.

Há outro factor, que é o moral, e que tem altíssima importância.

Outros países, como a Áustria e a Alemanha, ainda estão em condições piores do que o nosso.

Os exemplos apresentados pelo meu ilustre colega Sr. Cunha Leal são absolutamente verdadeiros.

Uma criatura que, num dado momento, tem uma importância em escudos, que corresponde a um certo número de libras, fica no dia seguinte assustada por ver que êsse mesmo número de escudos não chega para comprar igual número de libras, e, então, trata de empregar essas notas ou essas disponibilidades em valores que não se depreciem com tanta facilidade. Êsse fenómeno observa-se em quási toda a gente. Aqueles que o não praticam pela exportação da moeda para o estrangeiro - e isso não faz toda a gente porque não o sabe fazer — praticam-no comprando valores que representam ouro.

Reparem V. Exas., porque o ouro vale algum reparo, no que se passou com o Funding brazileiro. Êsses títulos que foram tomados firmes pela casa Rothchild de Londres foram colocados na quási totalidade em Londres. Como êsses títulos são ouro, o que sucede? É que hoje o maior mercado dêsses títulos é Portugal. Êsses títulos foram comprados à custa das pequenas disponibilidades de portugueses para adquirirem um valor que lhes não diminua aquilo que possuem.

Supõem êsses portugueses que, comprando êsses títulos no cambista, não fazem exportação de ouro. Podem estar êsses títulos na mão do cambista, mas para êle os possuir e poder vender teve de