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24 Diário da Câmara dos Deputados

Essas revoluções fazem-se em Portugal, não porque haja uma tirania de um partido contra outro partido, mas porque elas são preparadas, têm dia e hora marcados para o espectáculo, não podendo ser adiadas.

O movimento tem de se fazer, porque, se não se faz, o grande estadista, que se propõe salvar o país, desiste.

O salvador de tudo isto impõe-se, tem de ser a revolução na terça-feira por exemplo, por que se não fôr, o salvador tem que ir na quarta feira para o Pôrto tratar dos seus negócios.

Risos.

Tem de ser por fôrça naquele dia, porque senão, só pode ser daí a dois meses, porque é necessário arranjar outro grande estadista salvador, porque o escolhido já não quero, e é, necessário outro grande estadista para compor outras medidas salvadoras, e arranjar outros elementos que entrem na revolução, porque alguns outros já não entram.

Compreende-se como é perturbador que os movimentos não rebentem tendo-se tudo arranjado, sabendo-se que o Govêrno não resiste, que êle tem por seu lado infantaria tal, e sabendo-se que o Governo julga que tem por si tal cavalaria, mas não tem.

Risos.

Sr. Presidente: só o 19 de Outubro de triste memória não tivesse provocado tantas crueldades, que nunca deviam esquecer, êstes movimentos deviam ser feitos por uma verba no Orçamento inscrita.

Se o Govêrno não vencesse, pagava o Estado; e, se vencesse pagava também sempre o Estado.

Risos.

E, Sr. Presidente, chegámos ao ponto de considerar indispensáveis as amnistias -aos implicados de todos os movimentos que se produzem, só porque êles não produziram morticínios.

Amnistias dadas em tais condições só servem para instigar a toda a sorte de violências.

Os movimentos políticos em Portugal são simpáticos ás maiorias quando são feitos contra as minorias e são simpáticos às minorias quando são feitos contra as maiorias.

E nestas alternativas, esquecidos do que devemos à Pátria, esquecidos do que

devemos à República, esquecidos do que devemos uns aos outros como homens de coração, procuramos apenas instrumentos mais poderosos que as nossas ideas para a todos os momentos agredirmos os nossos adversários políticos.

Convençamo-nos de que é realmente má a hora que vai passando; que ela é de tamanhas dificuldades, de tamanhos perigos e de tamanhos sobressaltos que é fácil concitar contra todos nós os males que nós desejamos apenas aos nossos adversários.

Sr. Presidente: esta amnistia tem todos êstes aspectos e tem acima de tudo o aspecto regalar de não ser esquecimento, de não ser realmente o apagar de ódios; porque ela apresenta-se, (não dizendo eu que essa seja a intenção dos Srs. Deputados que subscrevem o projecto), ela apresenta-se, não como amnistia a favor de quem quer que seja, mas como uma amnistia contra um determinado partido. Fez-se contra esse partido e acima de tudo contra os homens que então exerciam o Poder a mais insidiosa, a mais torpe, a mais desvergonhada campanha.

Disse-se, em jornais que tudo podem dizer na segurança de que não há onde responder, que a revolução tinha partido do Poder para fins inconfessáveis de política.

A amnistia no presente momento tem pois todo o aspecto de ser contra êsses homens e ser contra êsse agrupamento. E não se me venha dizer que o esquecimento que abrange o delito seria o mesmo esquecimento que abrangeria a discussão dos meios ou dos processos políticos de que se tenha servido o Govêrno atacado por essa revolução em face dos revolucionários; não se me venha dizer, porque não é exacto, que os homens que se sentaram naquelas cadeiras, pertencentes a êste lado da Câmara, não ficariam inibidos de poder defender-se, de poder provar que eram uma calúnia as torpes e insidiosas campanhas que se lhes faziam porque para a apreciação malévola dos actos dêsse Govêrno ficaria sempre ampla liberdade de imprensa ou seja, neste caso, ampla liberdade de enxovalho.

E quando alguém quisesse obter a prova, aquela que não estava na sua consciência, mas a que está nos processos, a que está nos documentos, a que está nas tes-