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Sessão de 11 de Fevereiro de 1924 7

intitulado Angola que me fez duvidar da sua origem.

Ora para que estas dúvidas não surjam no espírito público, torna-se necessário que o Sr. Ministro das Colónias esclareça inteiramente a questão e emita sôbre ela o seu parecer.

É isso que eu, desde já, fico esperando de S. Exa.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro das Colónias (Mariano Martins): — Sr. Presidente: o Sr. Cancela de Abreu fez-me uma pregunta sôbre o que eu penso acerca de determinados actos de que foi acusada a Agência Geral de Angola.

S. Exa. quere, naturalmente, referir-se à apreciação que de determinados documentos fez há dias nesta Câmara o Sr. Cunha Leal.

O Sr. Cunha Leal disse então que determinados jornais de Angola tinham publicado artigos laudatórios da pessoa do Alto Comissário dessa província, ao mesmo tempo que leu vários documentos em que se provava que êsses artigos haviam sido pagos pela Agência Geral de Angola.

Ora quere-me parecer que as conclusões que o Sr. Cancela de Abreu pretende tirar das afirmações feitas pelo Sr. Cunha Leal não são inteiramente exactas.

Em todo o caso, eu, que não conheço em todas as suas minúcias a vida administrativa da província de Angola, devo dizer que se êsses artigos laudatórios da pessoa do seu Alto Comissário tivessem sido pagos — no que não creio — pela Agência Geral, eu não podia deixar de discordar de tal procedimento...

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Eu reportei-me ao que aqui disso o Sr. Cunha Leal. S. Exa. demonstrou que tinha havido dois jornais que tinham publicado artigos laudatórios do Sr. Norton de Matos, a tantos escudos a linha.

S. Exa. citou mesmo o nome dêsses jornais.

Não pode, pois, haver dúvidas a tal respeito.

O Orador: — Eu estou convencido de que os artigos pagos, se os houve, não

foram de elogio ao Sr. Norton de Matos, mas sim de propaganda da província; Q, sendo assim, eu nada tenho que objectar...

O Sr. Norton de Matos: — O que eu posso garantir é que foram pagos determinados artigos contra mim.

O Orador: — Eu julgo, Sr. Presidente, ter respondido ao Sr. Cancela de Abreu de forma a satisfazer o desejo que S. Exa. manifestou de ouvir a minha opinião.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Lamento que o Sr. Ministro das Colónias pretenda negar a veracidade dum facto absolutamente comprovado.

O Sr. Cunha Leal leu, em plena Câmara, os próprios recibos.

Uma voz: - Os artigos não leu.

O Orador: — Escutem. Evidentemente ninguém pode ter dúvidas de que os artigos foram pagos. Não elogiavam pessoalmente o Alto Comissário de Angola, mas o que é certo é que os cofres do Estado pagaram artigos laudatórios da obra do Alto Comissário, o que é inadmissível.

Não pode o Estado estar a despender dinheiro em artigos de jornais elogiando a obra seja de quem fôr.

Então a imprensa não está disposta a publicar elogios gratuitamente quando a obra seja digna deles? £É preciso que a Agência Geral de Angola os pague a tanto por linha?

Os jornais fizeram elogios pagos.

Não é preciso deturpar os factos.

Foram feitos elogios à obra do Alto Comissário, pagos a tanto por linha, e S. Exa. há-de concordar que se a obra se impõe não é preciso pagar artigos elogiando essa obra. Ela se imporá, repito, ao respeito de todos, sejam quem forem.

Tenho pena de que não esteja presente o Sr. Cunha Leal.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro das Colónias (Mariano Martins): — Pedi a palavra para esclarecer a Câmara sôbre uma notícia vinda na Época, de ontem, que lamentável seria