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Sessão de 21 de Fevereiro de 1924 13

a efeito pelo Alto Comissário de Angola, para lhe dar os elogios justos quando os mereça para reduzir à justa proporção tudo aquilo que haja sido exagerado.

Mercê do grande barulho que se tem feito na imprensa à volta da obra do Alto Comissário de Angola, todos mais ou menos se têm deixado convencer de que há ali efectivamente já realizada uma grande obra.

Ora o que, de facto, há é um grande desperdício de dinheiro, mas obras...

Emfim, vamos às obras!

Comecemos pela divisão administrativa da província.

O que fez o Sr. Alto Comissário?

Aumentou o número dos distritos e o de circunscrições.

Os distritos são 14 e as circunscrições são 73, se não estou em êrro.

Foi uma medida destas inteiramente inútil?

Não!

De facto, alguns dos distritos e algumas das circunscrições criadas de novo representam benefício para a província.

Outros, porém, resultam em pura inutilidade, visto que não contam mais de uns 50 brancos.

Das circunscrições criadas, também muitas são inúteis, e só servem para aumentar o número de funcionários.

A entidade administrativa que tem maior contacto com o preto, que o fôrça ao pagamento dos impostos e que directamente o ouve nas suas reclamações, é o chefe do pôsto.

Por via de regra, o administrador de circunscrição constitui já uma figura de primeira categoria.

Já não se desloca senão de automóvel!

Ora o preto tem modo das vias de comunicação e, portanto foge dos sítios em que passe perto qualquer estrada.

O Sr. Alto Comissário já pretendeu obrigar o preto a fixar-se ao pé das estradas, mas o preto é teimoso e assim continua a fugir das proximidades das estradas.

Em todo o caso, o meu espírito de justiça obriga-me a dizer que alguns distritos e algumas circunscrições traduzem utilidade.

Passemos aos caminhos do ferro.

Existem em Angola quatro caminhos de ferro.

Dois pertencem a companhias particulares, e os outros dois são do Estado.

O de Loanda e o de Mossâmedes são do Estado, os de Benguela e Amboim são particulares.

Vejamos os progressos de tais caminhos de ferro.

Comecemos pelo Caminho de Ferro de Loanda.

Em 23 de Novembro de 1923, a Associação Comercial de Loanda, encarregou os indivíduos — um deles, pelo menos, é grande admirador do Alto Comissário da Angola — de elaborarem um relatório sôbre o estado daquele caminho de ferro. Êsses três indivíduos são os Srs. Adolfo Pina, Aníbal Gonçalves e Vicente Costa.

O que dizem êsses senhores no relatório que elaboraram por delegação da Associação Comercial de Loanda?

Dizem isto:

Leu.

Mais adiante êste mesmo relatório diz cousas deveras curiosas sôbre o estado do Caminho de Ferro de Loanda.

Vejamos.

Leu.

Não se avançava na construção, mas compravam-se máquinas e material circulante. As locomotivas são, porém, pesadas demais para os rails que estão colocados e por conseqüência não circulam convenientemente. Gastam cinco dias a percorrer três quilómetros!

Aqui está o que é a obra dos Caminhos de Ferro em Angola.

Tudo isto se constata no relatório feito pelos delegados da Associação Comercial, dos quais um pelo menos, é admirador, repito, do Sr. Alto Comissário de Angola.

Dizem ainda que só de café para transportar há um stock de 4:500 toneladas. Também aguardam transporte alguns couros despachados há três anos!

Não sou 311 que o digo, é a Associação Comercial de Loanda, que provou que neste caminho de ferro as cousas marcham com pouca velocidade!

Risos.

Continuemos: ainda há pouco V. Exas. ouviram anunciar que o Alto Comissário, finalmente, tinha conseguido levar o Caminho de Ferro de Chinga ao Lubango. Não serei eu quem conteste essa verdade, pois não pretendo deminuir a glória do