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12 Diário da Câmara dos Deputados

muitas residências: tem a de Loanda, a que já me referi, tem um palácio também no Lobito, outro na Humpata, passa agora a ter outro em Mossâmedes e naturalmente há-de ter mais.

Relativamente ao que se chama d palácio do Lobito, trata-se dum chalé, emfim grande e cómodo, que ali foi construído quási por completo antes de eu ter ido para Angola em 1912, e que depois eu entendi que devia ser considerado como residência do governador, principalmente porque julgo que naquele ponto, com características nacionais de todos conhecidas, havia toda a conveniência de que o governador geral se pudesse lá demorar grandes temporadas, para marcar bem a soberania portuguesa; e como êle, para ali viver, não pode estar hospedado no hotel ou em casa do Intendente, teve que escolher casa, e assim escolheu essa.

Quanto ao palácio da Humpata, outro ponto onde é conveniente que se pratiquem actos de permanência das grandes autoridades, e actos de soberania, por efeito de razões de todos conhecidas, êsse palácio por emquanto limita-se a uma casa desmontável de madeira com 7 divisões e com mobília tam modesta como a casa.

É preciso notar que eu principiei a tomar medidas para que qualquer cousa de melhor e mais próprio, de mais permanente, o que marque bem ali num conjunto de obras à nossa posse, se comece a fazer; mas não serei eu quem com certeza gozará essas instalações, porque elas levarão tempo, e eu não me demorarei todo êsse tempo em Angola.

Em Mossâmedes há uma casa chamada é velho palácio de Mossâmedes, e na qual se estão a fazer reparações há muitos anos, depois do incêndio que a destruiu.

Êsse palácio foi construído ainda no tempo da monarquia. Como êsse palácio tem dois andares, e como eu me tinha imposto a necessidade de me demorar em determinadas localidades para bem conhecer das suas necessidades e destruir muitas vezes determinados defeitos administrativos, políticos ou de qualquer ordem, entendi que era dêsses andares podia ser destinado ao governador geral e o outro ao governador do distrito; e como foi preciso mobilá-los, para a hipótese da viagem do Sr. Presidente da República,

assim se fez, começando essa mobília a ser utilizada pelo governador geral quando foi a Mossâmedes.

Em nada disto houve gastos excessivos ou luxos desnecessários. É claro que tudo é relativo, pois eu posso considerar modesto aquilo que outros julguem luxuoso.

Relativamente a automóveis e camionnettes, já disse o que tinha a dizer; simplesmente me esqueci de acrescentar que os automóveis e camionnettes do palácio se empregam sempre em serviço do Estado e muitas vezes em serviços que nem sequer são privativos do governador.

Ainda agora, para um reconhecimento importantíssimo que se fez na Baía dos Tigres, a fim de se estudar a instalação dum caminho de ferro, reconhecimento que foi brilhantemente levado a cabo pelo engenheiro Sr. Teixeira e que mostrou que êsse caminho de erro era fácil e altamente vantajoso para a nossa soberania naquelas paragens, as camionnettes do palácio serviram para êsse serviço, inutilizando-se uma e ficando outra em mau estado; mas, emfim, morreram em serviço.

Repito, a minha orientação não foi de luxos nem de gastos desnecessários, mas de higiene e de conforto e principalmente daquela decência que deve cercar sempre os altos funcionários, que naquelas paragens representam a soberania da Nação.

Também, relativamente ao Congresso de Medicina Tropical, se fizeram, referências quanto a gastos excessivos.

Sr. Presidente: o Conselho Legislativo aprovou que se realizasse o Congresso, e para êsse efeito votou creio que 490 contos.

O que há a discutir é se o Congresso era ou não conveniente e se traria ou não vantagens, mas desde que se assentou em que êle se devia realizar, tínhamos de gastar com os hóspedes que convidávamos o dinheiro necessário.

No meu modo de ver, julgo que o Congresso teve uma altíssima importância não só para a província de Angola, como para a administração colonial e para o prestígio da Nação, desfazendo atoardas malévolas sôbre o tratamento que dávamos aos indígenas. Angola foi a primeira colónia onde o Congresso se reuniu e a