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14 Diário da Câmara dos Deputados

e para que essa Agência não podia continuar onde estava.

Várias campanhas só têm feito a propósito da compra dessa casa: tive mesmo de mandar levantar um inquérito, porque algumas cousas só disseram, que não me parecia conveniente deixar passar sem as averiguações necessárias, e nada se apurou dêsse inquérito que ferisse a honra o a honestidade dos empregados da Agência.

Essa casa, situada na Rua da Prata, com três andares e águas-furtadas, sem responsabilidade alguma, despejada de todos os seus inquilinos, custou, entrando tudo, escritura, registo, etc., a quantia de 932.273^50. Depois de ser comprada, houve quem oferecesse 1:200 contos por essa casa.

Quanto à despesa com a transferência dos degredados de Angola para Cabo Verde, a que S. Exa. fez referência, não se efectuou, porque os degredados infelizmente ainda continuam em Angola, mas o Conselho Legislativo autorizou essa despesa de transferência por conta da colónia, querendo assim manifestar ao Govêrno da Metrópole quanto tomava a peito que essa transferência se fizesse, quanto lhe custa, como representante que é da opinião pública, que ainda continue a considerar-sé Angola como colónia penal.

Foi isso que se teve em vista, sobretudo com a autorização dessa desposa.

Sr. Presidente: estas cousas que se estão dizendo continuamente a respeito de despesas excessivas de Angola, falando-se só de Angola, não se falando da metrópole, nem de outra qualquer colónia, revestem, sem dúvida alguma, um carácter pessoal, ferindo extraordinariamente, pelo que em tudo isso há de injustiça.

Críticas de administração que se baseiam quási exclusivamente em 'casos desta natureza, têm principalmente êste altíssimo inconveniente de ferirem propositadamente os homens a quem elas se dirigem.

Se é isso que se quere, atingiram o seu fim.

Evidentemente, porque, apesar de toda a serenidade que devo ter diante de ataques desta natureza, apesar de toda a tranqüilidade que esta casa do Parlamento me deve incutir, eu não posso deixar de me sentir profundamente ferido com ataques desta natureza.

De resto, êles são uns e outros da mesma espécie.

Quando eu estava em Londres exilado, obrigado a fugir do meu País para nele não ser assassinado depois de ter única e exclusivamente cumprido o meu dever, fui chamado a um tribunal inglês para responder a uma parte dirigida -a José Mendes Ribeiro Norton de Matos, desertor do exército português era o que lá vinha para se me preguntar a razão por que é que tinha mandado abonar, sem autorização, na minha qualidade de Ministro da Guerra, a gratificação de 15$ mensais a um chauffeur do meu Ministério.

São casos da mesma natureza, mas que aqui se vêm dizer.

Eu sei que se anda a rebuscar em torno de mim tudo quanto me possa ferir:

Não digo que seja V. Exa., Sr. Cunha Leal, mas V. Exa. está a servir inconscientemente de instrumento a qualquer cousa que não quero classificar.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): - Eu fiz de mim para comigo o propósito de não interromper V. Exa. para não alterar a serenidade da sua resposta; se o interrompo agora é porque V. Exa. se me dirige nos termos em que se está dirigindo.

Peço a V. Exa. que não faça considerações sôbre eu ser ou não instrumento de alguém, porque não permito que se faça tal suposição. Se V. Exa. quere manter a serenidade que é necessário, o melhor é fazer a justiça de me supor capaz de todas as cousas, menos a de ter a vilania de ser instrumento dos outros.

O Orador: — V. Exa. não deixou concluir as minhas palavras.

Continuo nas considerações que estava fazendo. Dizia eu que tudo se rebusca para me ferir, para me vexar, para me diminuir. Eu tenho a restrita obrigação de levantar aqui como em toda a parte essas cousas que me ferem. Chegam aos meus ouvidos as cousas mais espantosas. Diz-se, por exemplo, que eu transferi para Inglaterra, durante a minha estada em