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14 Diário da Câmara dos Deputados

Estamos assim a criar aqui a necessidade de dentro em pouco nós termos de lutar, como alguns países já lá fora lutam, com o extraordinário encargo dos sem trabalho, para os não deixarmos morrer de fome.

Será, então, mais um encargo para o Orçamento geral do Estado, e caír-se há noutro círculo vicioso: aumentam-se os impostos para se ocorrer às subvenções, e há-de ser também para ocorrer também às pensões, e aumenta-se a circulação fiduciária; por sua vez isso há-de tornar a vida mais cara, de que resultarão novos aumentos do impostos, para ocorrer às subvenções e pensões, e novo aumento de circulação fiduciária. E assim sucessivamente.

Desta forma o caminho que se está a adoptar leva-nos absolutamente à ruína. Ir-se há caminhando dêste modo, até que o Estado, pelo aumento constante dos impostos, há-de ver deminuída a sua matéria colectável para obter as receitas que carecer, indo até o aniquilamento da matéria colectável que resistir a esta onda de impostos.

Mas êste aniquilamento tem um perigo social: o de chegarmos a ponto de precipitar mais cedo o desenlace fatal da obra da República.

Não é êste o caminho que o pais pode seguir para sua salvação e para não aumentar mais o custo da vida.

Tem de se seguir uma orientação que atraia o capital, não só nacional que emigra mas o de fora que se queira empregar, como fez a Itália, sendo ao mesmo tempo necessária uma redução feroz de despesas.

A paixão política leva muitos Deputados, não só nesta casa, mas lá fora, a não verem que o país não pode viver com as despesas do Estado e a dizerem que a deminuição das despesas é mais uma questão moral que outra cousa.

Cirando cegueira é a dêsses homens, que não vêem que é uma necessidade imperiosa fazer isso para salvar o país.

Mas, Sr. Presidente, essa salvação, o Sr. Presidente do Ministério o disse, é impossível na Republica.

S. Exa. não quere saber do» argumentos que se lhe apresentam. S. Exa. entende que a Republica só pode viver com apostos, e, assim, os tem apresentado,

e ainda tem mais para apresentar a esta Câmara.

Sr. Presidente: se isso é assim, se a República, para viver, precisa de impostos para aumentar as suas receitas, só tenho a concluir das palavras do Sr. Presidente do Ministério o das dos Srs. Deputados republicanos que a República não pode continuar, porque será a morte do país.

Todos nós temos pessoas cujo futuro nos interessa, e não podemos deixar de ver que por êste caminho a República lhes prepara um futuro desgraçado, pois está fazendo uma obra que será a sua desgraça.

£ Quando chegará a hora em que havemos de ter a serenidade precisa para ver que êste caminho de aumento de impostos é o caminho da desgraça do país, e, conseqüentemente, dos que nos são queridos?

Talvez o Sr. Presidente do Ministério tenha razão; mas, sendo assim, ternos de reconhecer então que são loucos e incompetentes todos os economistas, quando afirmam que a maior causa» do sofrimento dum povo são os pesados impostos.

A primeira cousa que devíamos fazer seria criar nova matéria colectável, e nunca sobrecarregar demais a riqueza criada.

Mas a República tem impedido a criação da riqueza. Ela tem essa responsabilidade e a responsabilidade de ter feito a desgraça e a ruína do país, sendo necessário, sem perda de tempo, mudar de orientação.

Se assim é, porque não hão-de os Deputados republicanos, pelo menos aqueles que se apresentam pertencendo a um partido que se diz conservador na República, procurar opôr-se a esta onda que tudo quere submergir? Ou dá-se o caso de, pelo facto de também serem republicanos, isso os fazer esquecer que acima da República está o país?

Apoiados.

Parece que também isso os faz esquecer que acima da paixão política deve estar a paixão pelos entes que lhes são queridos.

Creio que chegou, porém, a hora de cada um pensar serenamente neste facto. E se porventura a República não pode mudar de orientação, orientação que é a morte do país, e não pode salvar o país,