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16 Diário da Câmara dos Deputados

que não votava nem mais $01 de impostos, em quanto se não fizesse uma eficaz redução das despesas públicas.

Quem dá a sua colaboração a um Govêrno, demonstra que êsse Govêrno lhe merece confiança, e não pode amanhã livrar-se de ter sido solidário com os seus actos.

Não só lembra a comissão de finanças, nem se lembram os ilustres membros do Partido Nacionalista de que êste Govêrno não tem feito uma economia que possa considerar-se como tal.

Efectivamente a acção económica do acta ai Ministério, tem-se limitado a suprimir verbas que já não eram gastas.

Pede, com um arrojo extraordinário, sacrifícios ao país, impõe-lhe tributos, de um radicalismo que chega a ser bolchevista, o ao mesmo tempo manda à Espanha missões e equipes de foot-ball para recreio, com a peseta a 4$.

E isto mesmo, sob o ponto de vista desportivo, que não me interessa absolutamente nada, para fazermos a figura desastrada que sabemos.

Vi nos jornais, que êsse grande estaco maior que foi à Espanha, criou uma nova taça e uma nova organização foot-bolistica, e que essa taça vai ser disputada no próximo ano.

Quere dizer, agora passam os portugueses a ir à Espanha duas vezes por ano e os espanhóis a vir cá outras duas vezes, até que se crie ainda mais uma taça.

É uma pândega, um regabofe.

E é assim que só nega ao funcionalismo público aquilo de que êle carece, dizendo-se-lhe que não se lhe dá nem mais $01, sem que o Parlamento vote as medidas de finanças!

Porque é que o Govêrno, em vez de pagar êsse regabofe a Espanha, não deu em esmolas o dinheiro que assim se gastou?

Recepções, banquetes, bailes, etc., tudo isso é muito bonito; todavia não devemos fazer estadão de um luxo que não podemos ter.

Não me consta que a Espanha tenha mandado a Portugal uma missão tam grande como a nossa, apesar de com a desvalorização da nossa moeda, a peseta para tudo chega.

Para a nossa conveniente representa-

ção não bastariam o nosso adido militar em Madrid e o comandante da equipe?

Com todo o carácter de oficial, veio também na nossa imprensa a notícia de que se projectava a viagem do Sr. Presidente da República aos Açôres e Madeira. É verdade? Não é verdade? Pelo menos, lançou-se essa notícia a título de ensaio, para ver se pegava, se no espírito público não provocaria qualquer sentimento de revolta, visto que, depois da proclamação da República, nenhum Chefe do Estado realizou tal viagem às ilhas e nem por isso os seus habitantes deixaram de ser bons portugueses.

O Sr. Ministro da Marinha não desmentiu essa notícia no Senado, como o fez aqui o Sr. Presidente do Ministério. Disse ali o Sr. Ministro da Marinha que, real-mente, lhe tinha chegado aos ouvidos tal notícia, mas que não era verdade que o Sr. Presidente da República fôsse acompanhado de uma divisão naval.

O Sr. Álvaro de Castro afirmou que a notícia não era verdadeira, mas, em todo o caso, veremos o que nos dizem os factos lá para Maio.

A comissão de finanças e, nomeadamente, o seu presidente, que, dada a sua posição, considero o principal responsável pela obra produzida, certamente se desculpam com a alegação de que quiseram evitar um mal maior.

Ora, Sr. Presidente, o caminho que tinham a seguir os membros do Partido Nacionalista que fazem àparte da comissão de finanças ou que a ela foram agregados não era evitar um mal maior, mas sim qualquer mal numa, oposição tenaz, constante, ao nosso lado, visito que estamos no bom campo para quê as medidas preconizadas pelo Governo não fossem promulgadas.

Não me quero convencer de que, se o Partido. Nacionalista não o quisesse, a proposta seria aprovada, pois, não há medida que resista a uma oposição franca e persistente de um reduzido número de Deputados, quanto mais de cinqüenta e tantos.

Achei estranha a proposta que se fez para que a comissão de finanças pudesse agregar a si os parlamentares que entendesse, para, conjuntamente, trabalharem na revisão da proposta.

Nós percebemos bem; no emtanto, o alcance desta aspiração, mas percebemo-lo