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Sessão de 4 de Abril de 1924 11

O Sr. Carlos Pereira (sobre a acta): — Sr. Presidente: começo por agradecer ao Sr. Ministro do Interior a gentileza de ter vindo a esta Câmara responder a umas preguntas que lho fiz relativamente à, viagem a Lisboa do governador civil de Angra do Heroísmo.

É de lamentar que na acta se faça de facto referência à resposta do Sr. Ministro do Interior, mas não se diga em que consistiu essa resposta.

Podia, evidentemente, ter consistido essa resposta em dizer que aquele funcionário tinha cá vindo tratar de assuntos importantes. Em rigor seria uma resposta do facto; mas não ora uma resposta que satisfizesse.

E assim, se eu pudesse o a Constituição mo permitisse, preguntaria a S. Exa. só seria capaz de — satisfazendo os seus sentimentos religiosos — afirmar perante o Evangelho que foram realmente razões muito importantes que determinaram a vinda a Lisboa do governador civil de Angra de Heroísmo.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro do Interior (Sá Cardoso): — Sinto muito que as minhas explicações não tivessem satisfeito o Sr. Carlos Pereira, quando S. Exa. me preguntou os motivos que me levaram a chamar ao continente os governadores civis de Ponta Delgada e de Angra do Heroísmo.

Êstes funcionários são, como todos os outros governadores civis, pessoas de toda a,minha confiança.

O Sr. Jaime de Sousa (interrompendo}: — O Sr. Carlos Pereira não fez qualquer referência ao governador civil de Ponta Delgada; referiu-se apenas ao de Angra do Heroísmo.

O Sr. Carlos Pereira: — Mas eu generalizo!...

O Orador: — Ainda que S. Exa. não generalizasse, generalizava eu as razões porque os chamei) visto que essas razões foram as mesmas.

Quando ossos funcionários me pedem para vir tratar de assuntos importantes, ou não lhes pregunto que assuntos são

êsses: autorizo a vinda deles e aguardo que êles me exponham êsses motivos, pois considero os, como disso, pessoas de toda a minha confiança.

Estava longe de calcular que o Sr. Carlos Pereira me viesse fazer uma sabatina, o por isso não vinha preparado com elementos para uma resposta detalhada; todavia, posso garantir que o governador civil do Angra deve ter assuntos muito importantes a tratar, da mesma forma que o seu colega de Ponta Delgada.

Ouvirei êsses dois funcionários o, depois, se a Câmara quiser, elucidá-la hei circunstanciadamente acerca dos motivos que determinaram a sua vinda.

Com respeito às despesas de viagem, a passagem de ida e volta para os Açores custa 1.400$, o que sai mais barato do que tratar de assuntos por telégrafo, pois que as taxas telegráficas estão caríssimas, custando 77$ um telegrama do 20 palavras para os Açores.

Desta vez creio ter satisfeito melhor a curiosidade do Sr. Carlos Pereira.

Tenho dito.

O orador não reviu, nem os Srs. Jaime de Sousa e Carlos Pereira fizeram a revi-são dos seus «àpartes».

O Sr. Carlos Pereira (para explicações): — Sr. Presidente: agradeço ao Sr. Ministro do Interior a sua segunda resposta e sinto declarar que da me não satisfez.

Eu não desejo fazer sabatinas ao Sr. Ministro do Interior no ar de quem pretendo «estendê-lo», como se diz em gíria académica; S. Exa. por si só tem o cuidado de se «estender», sem necessitar que lhe preparem terreno para isso.

O Sr. Ministro do Interior declarou que não sabe quais os assuntos importantes que os governadores civis de Ponta Delgada o Angra cá vêm tratar, e apenas nos disse que êsses funcionários são pessoas da sua confiança. Certamente que o são, como todos os outros seus delegados; mas o que nunca poderão ser é pessoas da confiança da República.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Foi aprovada a acta.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à ordem do dia.