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26 Diário da Câmara dos Deputados

Mas, fazendo tudo isto, há alguma cousa mais grave, e por isso o Govêrno não pode dizer que o caso lhe é indiferente: é que se trata dum conflito entre uma empresa jornalística e os servidores dessa empresa.

Apoiados.

O caso é mais lato. Os Srs. Ministro do Interior e Presidente do Ministério ainda não leram tudo quanto se contém nessa carta. Nessa carta diz-se que se pretende publicar artigos que podem acarretar para a nacionalidade portuguesa graves responsabilidades de natureza política.

O que significa isto? Então a Moagem, que já nos rouba com o pão que nos fornece, então a Moagem, que nos envenena, não satisfeita com isto, quere ser a dona do país, depois de se apoderar dos jornais?

Então a Moagem, por meio dos seus jornais, quere ter no Poder, Govêrnos da sua feição que se amoldem a favor dos seus interêsses?

Apoiados.

Protesto contra isto.

Muitos apoiados.

Há mais: estou informado de que, como censor dêsse jornal, se pretende pôr um homem que é inimigo das instituições — que é um jesuíta.

Portanto, êstes casos são para averiguar, e o Govêrno não pode declarar que lhe são indiferentes.

Apoiados.

O Sr. Carvalho, da Silva: — A Câmara sabe bem quantas vezes tenho levantado? essa questão, para Verberar êsses factos que agora vêm a público,

Sabe-se bem que nós não consideramos monárquico absolutamente ninguém que não seja merecedor disso. No tempo da monarquia nunca V. Exa. ouviu dizer a um Ministro, num banquete, que o director de qualquer jornal era merecedor da gratidão de todos os republicanos, pelos serviços prestados ao regime.

O Orador: — V. Exa. não ouviu o que eu disse.

É bom não envenenar as palavras que profiro.

Não digo que os monárquicos queiram servir interêsses ilegítimos.

O Govêrno não terá absolutamente nada com o facto escandaloso que surgiu entre a empresa do Diário de Noticias e os seus redactores; mas os homens que escrevem num. jornal merecem toda a nossa simpatia, respeito e consideração.

Apoiados.

Sendo o Sr. Ministro do Interior responsável pela ordem pública, pregunto se o Govêrno já averiguou se a Moagem tem ou não responsabilidade na greve, que está fazendo com que o povo de Lisboa se debata na fome, acontecendo o mesmo em Coimbra e no Pôrto.

Então o Govêrno não tem de intervir perante aqueles que estão fomentando a desordena pública e insinuam que estão provocando revoluções para poderem mais à vontade meter as garras aduncas nos cofres públicos?

O Govêrno não pode ficar indiferente perante êstes factos.

Apoiados.

O Govêrno não pode deixar de intervir perante aqueles que querem desorientar a opinião pública.

Apoiados.

O Govêrno não pode ficar indiferente perante os que querem converter a sociedade portuguesa num campo aberto à reacção e aos manejos dos inimigos do regime.

Não censuro o Govêrno, mas aproveito o ensejo para dizer à Moagem que está atirando: achas para a fogueira, e que se a situação da sociedade portuguesa se complicar, se o Governo tiver de ser substituído, o será por um Govêrno menos receoso e mais audacioso, para fazer a requisição de certas emprêsas jornalísticas que oferecem verdadeiro perigo público.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério (Álvaro de Castro): — O Sr. Ministro do Interior já explicou a situação do Govêrno.

As leis actuais não consentem ao Govêrno intervir num conflito dessa natureza.

Se efectivamente os redactores que entraram em greve ou em luta com a Empresa se tivessem dirigido ao Govêrno por qualquer maneira, como, aliás, outras entidades muitas vezes em greve ou em luta com os seus patrões se lhe dirigem