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Sessão de 8 de Maio de 1924 11

Londres, um dos dirigentes dessa greve, tribuno de comícios, propôs aos 5:000 operários que o ouviam que ajoelhassem todos e pedissem a Deus que matasse instantaneamente o Ministro do Trabalho. Êsses 5:000 operários ajoelharam, fizeram a tal prece a Deus, mas o Ministro do Trabalho, em vez de morrer, ficou, com mais saúde ainda.

Estou convencido de que o desejo dos prestamistas do Estado, que aspiram pelo agravamento do câmbio, em nada influi nesse agravamento, porque a principal causa desta situação é o descrédito do Estado.

A economia que se faz na redução dos juros dos títulos há-de sair caríssima ao País.

Disse-nos o Sr. Presidente do Ministério que temos muito quem nos ofereça dinheiro.

Os negócios desta natureza são tanto mais interessantes, quanto mais precária é a situação do País com o qual são tratados.

Um negócio feito com a Nova Zelândia, com a África do Sul, ou com qualquer País de crédito consolidado é uma corretagem bancária de poucos lucros; mas êsse mesmo negócio realizado com um País como o nosso, de crédito avariado, representa um «negociarrão».

Nós fizemos a República para emendar os erros passados e para não continuarmos a correr ao desgraçado processo da bancarrota.

Sr. Presidente: eu sou daqueles que crêem que sem a consolidação do nosso crédito não há política financeira possível.

Eu desejava muito particularmente, pela muita consideração que tenho pelo Sr. Ministro das Finanças e porque vejo que S. Exa. está com uma dedicação absoluta procurando melhorar a nossa situação financeira, que S. Exa. nos dissesse o seu plano.

Quando S. Exa. não tiver recursos de Tesouraria e se vir na contingência de recorrer ao crédito em Londres, o que pensa fazer? Vai recorrer à circulação fiduciária?

Isso seria a ruína completa do País.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): —

Nós temos dentro do País os meios para assegurarmos as receitas necessárias.

Sou absolutamente contrário aos empréstimos internos e externos.

O Orador: — O crédito aberto em Londres é de dois milhões de libras, que representam ao câmbio actual 300:000 contos.

Quando se esgotarem êsses 300:000 contos, o que se faz?

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — Suponho ser êsse o prazo de tempo suficiente para que o Parlamento vote as receitas necessárias para o Estado fazer face às despesas.

O Orador: — Quere dizer que ávida financeira do Estado mais ou menos depende das receitas.

O Govêrno não teve outros recursos senão levantar dinheiro sôbre a prata que estava no Banco.

Mas qual é a situação financeira do País?

Quero pôr esta questão clara e lealmente para que V. Exa. se explique perante o País.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — O que digo é que o crédito do Estado é completo.

O Orador: — Folgo imenso em ouvir dizer a V. Exa. que o crédito é completo.

Mas, repito, um país que deixe de pagar juros dum empréstimo arruinou o seu crédito.

Demais cansei a atenção da Câmara com êste assunto. Por um dever imposto à minha consciência e pelo lugar que ocupo nesta casa do Parlamento, entendi de minha obrigação dizer, á Câmara o que disse.

É possível que não tenha empregado todos os argumentos que devia para convencer a Câmara, mas êste é o meu critério. Aprovei o empréstimo, e V. Exa. também o aprovou.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): —Aprovei-o integralmente.