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Sessão de 8 de Maio de 1924 9

coes que teria de fazer, pois entendo que é absolutamente necessário que se liquide esta questão.

Falarei em meu nome pessoal, pois que em nome do meu Partido já falou o Sr. Almeida Ribeiro, e, antes do entrar no assunto e emquanto o Sr. Ministro das Finanças não está mal disposto com o que vou dizer, se bem que não me mova menos confiança na obra do Govêrno, mas apenas o desacordo em que estou com um dos seus actos, tenho a fazer a S. Exa. um pedido que certamente me deferirá.

Por Abarias vezes, quer no Parlamento, quer lá fora, e creio mesmo que em comunicações à imprensa, o Sr. Ministro das Finanças teve ocasião de salientar, a diferença entre os resultados das negociações emquanto fui Ministro das Finanças e os das negociações por S. Exa. feitas agora, fazendo notar que então nada se conseguia, quando agora se conseguiu um crédito de 2.000:000 libras.

Em primeiro lugar, se o actual Govêrno conseguiu de facto êsse crédito, terá de fazer justiça ao Govêrno de que fiz parte, porque êle promoveu a tranqüilidade no país e lançou as bases da nossa reconstituição financeira.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — V. Exa. dá-me licença?

Eu não deixei de pronunciar as devidas palavras de justiça, até precisamente em relação a V. Exa.

O Orador: — A situação interna e a situação internacional eram inteiramente diferentes do que são hoje. Quando os emissários que enviei a Londres ali chegaram, as relações com a Franca atingiam uma tal tensão que se chegou a recear a sua ruptura, e ao mesmo tempo declarava-se em Portugal uma greve revolucionária.

De resto, não faltavam ao homem que foi a Londres representar o Govêrno nem as altas qualidades dum velho republicano, nem categoria, porque foi Ministro de Estado, nem competência, nem a precisa representação para tratar destas questões em Londres.

A verdade á que eu, com as mesmas garantias que o Sr. Ministro das Finanças ofereceu, teria possivelmente obtido os mesmos resultados.

É isto o que eu digo, não querendo, no emtanto, com isto dirigir qualquer censura ao actual Sr. Ministro das Finanças, cujo patriotismo eu admiro, mas simplesmente justificar perante a Câmara um facto cuja responsabilidade me pertence, e bem assim as circunstâncias em que êle se deu.

Sr. Presidente: passando agora ao assunto para que pedi a palavra, devo dizer a V. Exa. e à Câmara que tenho visto, não porque tenha assistido às sessões, mas pelos relatos que têm vindo nos jornais pois a verdade é que o Sr. Ministro das Finanças tem procurado pôr-se em contacto com a opinião pública que S. Exa. está na disposição do procurar realizar a melhoria do escudo, a melhoria da nossa situação cambial.

Eu desejaria muito, Sr. Presidente, que sôbre êste ponto S. Exa. nos diga quais as ideas que tem.

Sr. Presidente: o que é um facto é que nós de há muito vivemos numa situação desgraçada, com a moeda depreciada, por isso que o Govêrno Português se tem visto na necessidade de emitir um número de notas superior ao que deveria ser o montante da nossa circulação fiduciária.

É preciso que isto se diga, tanto mais quanto é certo que é uma verdade que não pode de maneira nenhuma ser contestada.

É inútil, Sr. Presidente, lembrar à Câmara as condições em que foi aqui discutido o empréstimo de 6 1/2 por cento; porém, devo dizer que eu fui um dos que na comissão de finanças se pronunciaram contra êle, muito principalmente pela forma como êle devia ser lançado.

O que é certo é que todos aqueles que têm em Portugal os seus bens representados por títulos da dívida pública estão prejudicados em 97 por cento, e o que é também certo é que todas as emprêsas nacionais que têm valores representados por escudos tiveram uma depreciação de 80 por cento.

O Banco Ultramarino tinha as suas acções cotadas a 20 libras e hoje estão a 2 libras.

O accionista do Banco Ultramarino perdeu em cada acção 18 libras.

Nestas condições, era intuitivo que 9