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Sessão de 8 de Maio de 1924 19

mas votou uma interpretação absolutamente diferente quando se votou o empréstimo.

A Câmara, estando eu agora a emitir o mesmo ponto de vista quando da discussão do empréstimo, dá razão ao Sr. Barros Queiroz, quando me dava então razão a mim,

O Sr. Barros Queiroz (interrompendo): — A Câmara sabe que o Banco então não tinha lei. Agora tem a do Sr. Cunha Leal, que o autoriza.

Estabelece-se diálogo entre o orador e o Sr. Barros Queiroz.

O Orador: — Esta doutrina já foi sancionada duas vezes pela Câmara. A primeira na lei do empréstimo e a segunda na lei do Sr. Cunha Leal.

O Sr. Presidente: — Peço ao Sr. Deputado que resuma as suas explicações.

O Orador: — Terminarei imediatamente. Eram estas explicações que tinha a dar. Não possuo o brilho de palavra do Sr. Barros Queiroz, nem quero passar por cima da competência de ninguém, mas creio que não digo nada que seja em meu desabono quando afirmo que estudo estas questões com o propósito de bem os conhecer em todos os seus aspectos.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — Pedi a palavra para responder a algumas considerações aqui feitas e que merecem resposta imediata. Quero também fazer as considerações que neste momento reputo oportunas a propósito do que foi dito pelo Sr. Barros Queiroz, relativamente à minha apreciação dos homens públicos e dos Deputados que falam neste Parlamento.

O Ministro mesmo que não seja Deputado, tem o direito de fazer as apreciações que entender a propósito do actos praticados pelos Srs. Deputados, nesta Câmara, ou pelos homens públicos que os pratiquem em qualquer outra parte.

Sendo o Ministro simultaneamente Deputado, mais larga é essa faculdade, e por isso estranho que o Sr. Barros Queiroz se admirasse de eu ter produzido con-

siderações sôbre a sua vida política, que aliás versaram sôbre factos passados comigo e com S. Exa. que não podem ter nenhuma espécie de desmentido.

Mas, Sr. Presidente, eu fiz considerações, e justas foram elas, sôbre a atitude do Sr. Barros Queiroz, porque S. Exa. se referiu à obra do Govêrno, sob o ponto de vista financeiro, numa crítica que é do legítimo direito de todos os parlamentares, desde que da seja ajustada aos actos praticados.

S. Exa. aludindo a um determinado acto praticado pelo Sr. Ministro do Trabalho, ao qual atribuiu o intuito de ferir correligionários seus, estabeleceu como que o confronto entre o que nesse acto há, segundo o seu entender; de perseguição a pessoas que pertencem ao Partido Nacionalista, e os propósitos que tenho manifestado de só alcançar a união dos republicanos, união que de resto eu tenho procurado fazer, quer por palavras, quer por factos.

Nestas condições, eu não podia ter deixado de analisar a acção política do Sr. Barros Queiroz, para mostrar que ninguém mais do que eu tem de facto empregado esforços para conseguir essa

Mas esta questão não interessa directamente ao debate, porque nada tem com as medidas que se impõem para se ver modificada a situação económica e financeira do país.

Êsse é que é o assunto que interessa a todos e, por isso, eu senti grande prazer em ouvir o discurso que S. Exa. hoje fez, porque embora discorde da doutrina que expôs, reconheci que falou como bom republicano, no desejo de esclarecer o problema que se debate, sem propósitos de ataque ao Govêrno.

Das considerações feitas hoje pelo Sr. Barros Queiroz e pelo Sr. Portugal Durão — não me refiro agora às que foram produzidas pelo Sr. Morais Carvalho, porque coloco S. Exa. num plano especial, visto que pertencendo ao partido monárquico é o porta voz do descrédito da República e dos seus homens — eu traduzo em síntese o seguinte:

A nossa situação cambial deriva essencialmente da falta de confiança nos Governos.

Ao Sr. Barros Queiroz ouvi até a afir-