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10 Diário da Câmara dos Deputados

não tem a palavra. Não consinto que interrompa o orador sem que êle lhe dê licença para isso.

Vozes: — Muito bem. Muito bem.

O Orador: — A República tem o direito de exigir aos organismo? que representam
expressão máxima do valor intelectual que estejam integrados no sentir de toda
nação.

Apoiados.

A República, que deu às Universidades uma autonomia que jamais tiveram no tempo da monarquia, não pode permitir que elas usem dessa autonomia para se transformarem em igrejas do Estado,

O Sr. Carvalho da Silva: — V. Exa. permite que eu o interrompa?

O Orador: — Têm-me interrompido já sem minha licença, e, portanto, V. Es.a poderá fazer o mesmo.

O Sr. Carvalho da Silva: — No tempo da monarquia a intolerância era tal que até se consentia que professores da Universidade tomassem parte em comícios do propaganda republicana.

O Orador: — V. Exa. esquece se de que o professor da Escola Politécnica, Sr. Tomás Cabreira, foi cumprir pena de prisão no forte da Graça por ter concorrido a umas eleições municipais.

É curioso que se diga que a República não tem sido tolerante, quando se sabe que na vereação municipal há funcionários do Estado que nessa vereação exercem o seu mandato como representantes do partido monárquico.

Reatando as considerações que vinha fazendo à Câmara, e das quais me obrigaram a desviar-me os apartes extemporâneos, e injustos que me foram dirigidos, devo declarar que não deixarei de desenvolver toda a minha acção para que nos estabelecimentos de ensino, e muito principalmente nas Universidades, não se possam fazer ataques aos princípios basilares da República.

Assim é que, estando vago o lugar de reitor da Universidade, encaminharei a minha acção no sentido de fazer colocar nesse lugar, uma pessoa de alta envergadura moral e mental, e que dê às instituições a garantia de que exercerá a sua função por maneira a não permitir que os alunos sejam desviados da sua missão, arrastando-os para o caminho daqueles que até hoje só têm procurado prejudicar a vida da República.

Confio na acção daquele a quem eu tiver de nomear para reitor da Universidade de Coimbra. Exactamente pelo seu carácter, qualidades de energia e fé republicana, êsse novo reitor será garantia para todos nós de que a Universidade seguirá na orientação de bem servir a República.

Aproveito o ensejo de estar com a palavra para enviar uma proposta de lei para a Mesa.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Tenho a declarar ao Sr. Lelo Portela que, se lhe não dei a palavra para explicações, como a havia pedido, e da qual não desistiu, logo a seguir ao Sr. Ministro das Colónias ter terminado as suas considerações, foi porque me pareceu que S. Exa. havia ficado satisfeito com a explicação que aquele Sr. Ministro deu à Câmara, a propósito das suas palavras.

Tem agora V. Exa. a palavra.

O Sr. Lelo Portela: — Desejava ter falado logo a seguir ao Sr. Ministro das Colónias pois era nessa ocasião que melhor cabiam as considerações que julgo do meu dever fazer.

Quere transformar-se esta Câmara num conselho de disciplina!

É extraordinário que o Sr. Ministro das Colónias, venha aqui trazer uma questão desta ordem, sem previamente averiguar a verdade das afirmações atribuídas ao Sr. Gomes da Costa, e tendo no regulamento disciplinar meios de castigar como entender.

Entendo que o Sr. Ministro das Colónias não tinha de vir aqui dar explicações, mas apenas de proceder em harmonia com o regulamento disciplinar.

Tenho dito.

Q orador não reviu.

O Sr. Vasco Borges: — Sr. Presidente: por parte da comissão de legislação cri-