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18 Diário da Câmara dos Deputados

qual teia sido a acção de alguns dos Ministros das Finanças, que tanto se têm queixado do Parlamento.

Eu creio que ainda haverá alguém nesta terra que um dia se queira dar ao trabalho, de, com certa minuciosidade, fazer êsse exame detalhado, porque um trabalho desta ordem prestava-se com certeza 'a conclusões que seriam sobremaneira interessantes.

Eu estou absolutamente certo de que havia de chegar-se à conclusão de que os Ministros que mais têm vociferado contra o Parlamento, foram aqueles que exactamente nunca razão tinham para o fazer.

Ora, volvendo portanto um pouco, dentro dêste critério, não será demasiado relembrar o que, quanto a mim, representa o início do descalabro financeiro da nacionalidade portuguesa. Vamos ao período da guerra.

Encontramos como Ministro das Finanças o ilustre homem público Sr. Dr. Afonso Costa.

Não há ninguém nesta terra, que ignore as circunstâncias especiais, as condições excepcionalíssimas em que nós interviemos na luta europea.

Nós lembramo-nos de que a opinião se dividiu em dois campos.

Havia aqueles que eram absolutamente partidários de que o país fôsse sem hesitação, alguma para os campos da luta, por intermédio dos seus soldados, e havia, pelo contrário outros que não pensaram assim, que supunham que a nossa posição deveria ser de absoluta neutralidade, ou, quando isso não pudesse ser, colocaram-nos numa situação que não conduzisse os nossos soldados armados aos campos da Flandres.

Mas, Sr. Presidente, isso é de somenos importância para o assunto.

O que é verdade é que, muito bem, quanto a mim, nós fomos para a guerra.

Mas os países que entram em guerra, dizem-no os tratadistas de finanças, necessitam logo de início de olhar para o capítulo finanças, de olhar para a sua situação, preparando-se com inteligência e a tempo para todas as emergências.

O dinheiro que foi e continuará a ser a mola real da guerra.

Aqueles países que bastante dinheiro tiverem, que em circunstâncias desafoga-

das se encontrarem, êsses tem já uma vantagem sôbre o adversário.

Ora, Sr. Presidente, eu, portanto, convencido de que nós iniciássemos o nosso trabalho por aí, Q desde que o Govêrno da República tinha resolvido, e muito bem, que os soldados portugueses entrassem na luta, onde deviam entrar, o titular da pasta das finanças não tinha de hesitar um momento, de mais a mais tratando-se, é o caso, de um abalizado professor da cadeira de finanças. S. Exa. tinha obrigação de enveredar pelo caminho por onde enveredaram os demais Ministros de Finanças dos outros países.

Mas eu creio, Sr. Presidente, que foram talvez as condições e talvez a situação política do país que determinou êste retraimento que hoje, vendo nós o caso a sangue frio, se nos oferece como digno de entrar absolutamente desfavorável.

O Sr. Dr. Afonso Costa, a quem certamente não passava despercebida a hora que atravessávamos e que via o problema, não tenho dúvidas, em toda a sua plenitude, sabia e muito bem que tinha o dever como Ministro das Finanças, de desbastar o terreno, abrir caminho para que a Nação não viesse mais tarde a sofrer as conseqüências de não ter agido oportunamente.

O certo é que o país se envolveu numa luta tremenda sem que os seus dirigentes se tivessem preocupado em estabelecer uma política financeira capaz de suportar os encargos resultantes da realização e manutenção dêsse esfôrço, esfôrço que por isso se não fazia grandemente sentir, a não ser para aqueles que tinham de marchar para os campos de batalha.

Porque se não criou essa política financeira da guerra talqualmente se fez noutros países?

Falta de previsão ou receio de que a adopção dessa política levantasse mais dificuldades a juntar àquelas que já existiam, embaraçando fortemente a acção intervencionista do Govêrno?

Não sei. O que sei é que essa política se não seguiu. O Sr. Vitorino Guimarães tarde, é certo ainda procurou estabelecê-la, mas da orientação seguida por S. Exa. permito-me discordar inteiramente.

Segundo as minhas informações, ape-