O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16 Diário da Câmara dos Deputados

Aquela verba fora votada pelo Parlamento, para se repararem os hangars do Campo de Aviação da Amadora, que haviam sido derrotados por um furacão, e a pista do Campo de Sintra, que está em estado de não poder servir.

Quis ainda o Sr. Ministro da Guerra referir-se aos automóveis em serviço da aviação, assunto em que eu não tocarei, nem sequer ao de leve.

Se nesta Câmara há alguém com autoridade para falar em automóveis, êsse alguém sou eu.

Fui eu quem apresentou nesta casa do Parlamento um projecto de lei que visava a moralizar os serviços de automóveis.

Várias vezos requeri que êsse projecto de lei fôsse pôsto à discussão, mas nunca alcancei o meu desejo.

A Câmara recusou-se sistematicamente entrar nessa discussão.

Quem se der ao trabalho de ler êsse meu projecto, nele encontrará as necessárias disposições para se acautelarem os interêsses do Estado e a boa execução dos respectivos serviços.

Posteriormente foi nomeada uma comissão que, embora fôsse desconhecedora das necessidades dos serviços da aeronáutica, resolveu, sem ouvir as instâncias competentes, destinar uma ambulância para cada unidade da aviação.

Isto só se dá no nosso país.

No estrangeiro há sempre o cuidado de pôr ao serviço de cada unidade da aviação duas ambulâncias pelo menos, para que uma possa estar de reserva.

Se amanhã, por qualquer motivo, houver uma panne numa delas, tem do se esperar que vá uma nova ambulância de Lisboa.

Mas a fúria do Sr. Ministro, da Guerra aos automóveis é tanta, que tirou até um carro oficina que existia na oficina de aeronáutica.

Trava-se diálogo entre o orador e os Srs. Ministro da Guerra e António

O Orador: — Mas, Sr. Presidente, se amanhã...

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo (interrompendo): — V. Exa. dá-me licença?

Eu parto do seguinte princípio: visto que não há ambulâncias para todos os es-

tabelecimentos, eu tenho que as dividir por todos, e concentro-as numa estação, que é o Parque Automóvel Militar, onde qualquer unidade, que tenha uma viatura avariada, pode requisitar outra.

O Orador: — Mas, Sr. Presidente, eu ia dizendo há pouco que, pelo critério do Sr. Ministro da Guerra, se amanhã se der um desastre em Sintra, faz-se uma nota requisitando a viatura, aguarda-se que ela siga todos os seus trâmites, e passado um mês é que é fornecida.

Como vê a Câmara, é realmente um critério digno de aplaudir.

O Sr. João Camoesas (interrompendo): — V. Exa. dá-me licença?

Mesmo o argumento de que os hospitais não têm ambulâncias, não colhe, por que em Lisboa há recursos que não existem em outras terras.

O Orador: — Sr. Presidente: veja V. Exa. o cuidado que o Sr. Ministro da Guerra teve com os automóveis da aviação, que até na Escola de Aviação, onde existiam dois carros, o que não era de mais, um foi tirado.

Sr. Presidente: se o Sr..Ministro da Guerra tivesse tido o cuidado de se informar primeiro do serviço que êsses automóveis prestavam, verificaria que na aviação se dá uma situação especial.

As unidades de aviação precisam de camionettes de socorro que vão buscar os aviões, quando caem em qualquer sitio.

Pela situação actual criada pelo Sr. Ministro da Guerra a aviação não está em condições de poder exercer a sua missão.

Esta economia deu em resultado que um oficial que esteja em Sintra está impossibilitado de fazer todos os dias os nove quilómetros que distanciam ò campo da povoação.

Porque se privam êsses oficiais dêsses meios de transporto?

É um êrro o Sr. Ministro da Guerra querer adoptar o mesmo critério para todas as armas e reconhecido o êrro não lhe ficava mal ter reconsiderado na sua ordem.

Estabelece-se diálogo entre o orador e o Sr. Ministro da Guerra.