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Sessão de 26 de Maio de 1924 17

O Orador: — O adido militar françês, com requerimento ao Ministério da Guerra, comprou um automóvel pelo preço do custo.

O director dos serviços automóveis tem outro e tem um outro ainda o nosso colega nesta Câmara, Sr. Malheiro Reimão, mas, se forem precisos mais casos, mais casos apontarei.

Lamento que o Sr. Ministro tenha tocado a nota pessoal e me obrigue, também, a referir-me a camaradas.

O Sr. Ministro, mostrando os grandes favores que à aviação tem feito, disse que ainda lhe deixou muitos carros, referiu-se V. Exa., por exemplo, ao camião que deixou ao parque, ao carro-guincho que é precisamente o tractor necessário para fazer subir e descer os aeróstatos e ainda a dois projectores. Quanto ao carro-guincho, sabe V. Exa. que elo ô indispensável numa companhia do acrosteiros, a não ser que os aeróstatos passassem a subir e a descer à mão, como os papagaios.

Um àparte.

O Orador: — Vejamos agora a história do crédito das 200:000 libras. O Sr. António Maria da Silva, quando Ministro da Guerra, desejando prestar à aviação o alto serviço do que ela era absolutamente merecedora, determinou quê do crédito de £ 3.000:000 fôsse aberto um crédito especial de £ 200:000, tendo delegado todos os poderes necessários para a aquisição do material ao então Director da Aeronáutica Militar, que não era o efectivo, visto que êste se achava doente ou de licença, e certamente o Ministro da Guerra de então não havia de ir a sua casa dizer que se apresentasse para tratar do assunto.

Mas qual foi, no fim de contas o horrível crime da aquisição dos aviões?

O Director da Aeronáutica, podendo, no uso da incumbência que lhe tinha sido feita, proceder à compra imediata de material, não o fez, tendo preferido mandar reunir a comissão técnica de aviação, e dizer-lhe — temos um crédito de £ 200:000, diga essa comissão qual a melhor maneira de o utilizar. E essa comissão estabeleceu um certo número de aviões-escolas, de aviões de bombardeamento, de aviões de reconhecimento, de aviões de caça,

tendo estabelecido ainda um princípio que é absolutamente indispensável manter: o da aquisição dos sobressalentes necessários, porque sem êles, o material torna-se inútil.

Friso isto para que não venha a dar-se o caso de, por umas 10:000 ou 12:000 libras, se deixarem de comprar os sobressalentes indispensáveis.

Assim, a comissão técnica da aviação resolveu adquirir o material nas proporções determinadas e o Director da Aeronáutica fez um concurso, mandando preguntar às diferentes casas fornecedoras inglesas os preços, condições, etc. Depois de analisadas as respectivas propostas pela comissão técnica de aviação é que esta deliberou escolher determinados aviões depois do todas estas formalidades é que o Director da Aeronáutica fechou os contratos.

Já que falei neste assunto, lamento que o Sr. Ministro da Guerra ainda não tenha dito à Câmara qual é o seu critério a tal respeito, isto é se entende ou não que deve ser votado êsse crédito de 30:000 contos, para cuja discussão não pediu a dispensa do Regimento como tem pedido para todos os outros créditos que tem querido abrir.

Pretende S. Exa. fazer apenas uma manifestação platónica, dizendo que pediu o crédito, mas desinteressando-se, afinal, da sua aprovação, como se desinteressou pela promoção dos aviadores?

Se S. Exa. os tivesse querido promover, tinha poderes bastantes para isso sem necessidade de apresentar qualquer proposta, bastando para isso ouvir o conselho de promoções.

Um àparte do Sr. Ministro da Guerra, que não foi ouvido.

O Orador: — O Sr. Ministro da Guerra acaba de se referir na verdade a uma conversa particular havida entre mim, S. Exa. e o Sr. António Maia; porém, devo dizer de que o nosso desejo seria que êsse concurso fôsse internacional, pois, tenho a certeza de que desta forma se poderiam obter aviões em muito melhores condições.

Foram êstes os desejos que eu manifestei a V. Exa., mas o que vejo é quê o Sr. Ministro da Guerra, relativamente ao assunto, pretende nem mais nem menos