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22 Diário da Câmara dos Deputados

impressão de que o pessoal maior dessa corporação estava em greve.

Mas é também deveras curiosa a situação dêsse administrador dos correios e telégrafos, que continua sendo administrador dêsses serviços mas obedece ao director dos transportes p que não deve ser.

Ao princípio da questão também os Srs. Ministros intervieram sem lhe darem conhecimento.

Apartes.

O Orador: — Depois emendaram a mão; e hoje o Sr. Ministro da Guerra não dá uma ordem nos correios e telégrafos senão por intermédio do Sr. Ministro do do Comércio que por sua vez a comunica à Administração Geral, que a manda cumprir. isto tudo para a todo o custo a maioria conservar um Govêrno que nada tem feito.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Carvalho da Silva: — Sr. Presidente: não quero alongar o debate nem deixar de manter a serenidade que é necessária num assunto desta ordem.

Quando na última sessão tive a honra de falar sôbre êste assunto, não esperava ter de voltar ao debate.

É que eu nunca julguei que o Govêrno, posta a questão nos termos em que lhe foi posta, sem a mais leve nota política, estragasse mais uma vez a solução que estava marcada para o conflito telégrafo-postal.

Mais uma vez o Sr. Presidente do Ministério quis ser infelicíssimo na resposta que deu aos Deputados que usaram da palavra; mais uma vez quis contrariar uma saída honrosa para todas as partes, colocando-se numa intransigência que ainda mesmo a nós, que não nos esquecemos nunca da parte disciplinar, nos obriga a tratar novamente do assunto.

Há na Mesa três moções: uma do Sr. António Maia que é de desconfiança ao Govêrno; outra do Sr. António Correia que é abertamente de confiança, e outra do Sr. Pedro Pita que na verdade é também uma moção de confiança. Se o Sr. Presidente do Ministério tivesse querido aproveitar-se da plataforma que lhe foi apresentada, digo à Câmara com a maior sa-

tisfação que, concordando com a moção do Sr. António Maia, nós sairíamos da Sala para não a votarmos; mas S. Exa. não quis compreender os melindres da situação e levou-nos assim até um ponto em que temos de votar essa moção, rejeitando as outras.

Ninguém defendeu aqui, e lá fora mesmo, outro critério que não fôsse, o de que devia sar castigado quem o merecesse.

Além da reclamação apresentada a esta casa do Parlamento pelo pessoal maior dos correios e telégrafos, chegou-me também às mãos uma circular enviada pelo mesmo pessoal ao administrador geral, cuja situação neste conflito é verdadeiramente inexplicável.

Não se compreende como o Sr. Ministro da Guerra e o Sr. Ministro do Comércio se esqueceram de que existe o administrador geral dos correios e telégrafos e que sem o ouvirem, tenham feito intervir a fôrça pública.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Nuno Simões): — V. Exa. está, mal informado a êsse respeito.

O Sr. António Maria da Silva não quis aqui dentro invocar a sua qualidade de administrador geral dos correios e telégrafos; mas se o quisesse ter feito poderia informar V. Exa. de que assim não sucedeu.

Após a reunião do Conselho de Ministros, em que se tomou conhecimento dos actos de indisciplina que se estavam praticando nos correios e telégrafos, o Sr. António Maria da Silva teve uma conferência comigo e procurou junto do pessoal transmitidas resoluções do Governo, que eram as de impedir que as cousas continuassem como até ali.

O Orador: - Mas V. Exa. pode dizer qual a opinião do administrador geral dos correios e telégrafos, acerca da intervenção da fôrça pública?

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Nuno Simões): — O Sr. António Maria da Silva limitou-se a fazer as démarches que lhe competiam, comunicando ao pessoal que o Govêrno tinha resolvido sobrestar, na satisfação das suas reclamações e que não permitiria que se continuassem a praticar actos de indisciplina.