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Sessão de 2 de Junho de 1924 21

a Associação do Pessoal Maior dos Correios e Telégrafos, e constituiu-se a Associação do Pessoal Menor dos Correios e Telégrafos.

Sr. Presidente: eu não compreendo bem a necessidade destas associações, e, sobretudo, Sr. Presidente, não compreendo que o pessoal do Estado se permita associar-se em classe.

A verdade é que essas associações se não destinam a recreio, visto que muitas sociedades de recreio há em Lisboa, sem serem necessárias associações de classe.

Todos nós sabemos, Sr. Presidente, o fim que essas associações têm em vista, qual seja o de reivindicarem os seus direitos, segundo êles dizem.

Foi, Sr. Presidente, uma arma que se lhes deu e assim de admirar não é que êles se sirvam dela.

Todos nós sabemos o fim único e exclusivo a que se destinam essas associações; e, assim, de admirar não é que êles se sirvam dessa arma para fomentar greves.

Isto, Sr. Presidente, é nem mais nem menos do que a conseqüência dos erros passados.

A verdade é que o que se teve em vista foi mostrar que havia um grande espírito liberal, um grande espírito republicano, cousas que na verdade não existem, a não ser no papel.

Sr. Presidente: o meu ponto de vista é muito simples: desejaria apenas, visto desejar o prestígio do Estado, que o Govêrno procure, relativamente a êste conflito, separar o trigo do joio.

Eu sei, Sr. Presidente, que é muito difícil fazer esta obra.

Sei isso muito bem, mas, Sr. Presidente, sei que é possível fazer-se.

Eu confio inteiramente em que o oficial valente que esta à frente da pasta, por onde correm agora êsses serviços, não hesitará em ir até onde fôr preciso e possível, naquele caminho que os fortes sabem percorrer e que conduza à justiça. Devo, porém, dizer também que a justiça não exclui a tolerância.

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. António Maia: — Sr. Presidente, vou ser muito breve.

Chegou-me também às mãos uma circular que o Sr. Ministro da Guerra leu à Câmara, e da qual leu porém só isto:

«A comissão de resistência que, com toda a altivez e lealdade, tem defendido os interêsses colectivos, não pode por princípio algum admitir imposições de quem quer que seja».

S. Exa. leu isto; mas não leu o que estava escrito antes disto e que eu vou ler:

«É do conhecimento de todos que elementos perniciosos, isolados ou formando comissões, alheados da justiça, reclamam sôbre assuntos meramente pessoais, protelando assim por mais tempo as nossas reclamações».

O que está escrito nesta circular tem pois um sentido diferente daquele que lhe dá o Sr. Ministro da Guerra. Mas a circular diz ainda:

«Deixaremos aos que contrariam, para servir os seus fins, o prazer da normalização dos serviços».

Por tudo isto se vê quais são os elementos perniciosos dentro daquela corporação.

Sr. Presidente: a maneira como o Sr. Ministro da Guerra vem aqui apresentar as questões, e como alguns Srs. Deputados encaram essas questões, dá lugar a que se cometam muitos graves erros.

Apoiados.

As palavras dêste documento, trazidas aqui de modo diferente do que são, dSo lugar a formarem-se opiniões erradas sôbre o que aconteceu.

Neste documento não há nada contrário ao Govêrno.

Há também um facto curioso neste conflito; e é que, dizendo um artigo do Regulamento dos Correios e Telégrafos que a intervenção da fôrça armada num serviço só se faz a requerimento do respectivo administrador, o facto é que os Srs. Ministros da Guerra e do Comércio saltaram por cima dêsse administrador, e invadiram as estações, sem qualquer reclamação feita. E isto fez-se para dar a