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20 Diário da Câmara dos Deputados

Tenho dedicado o meu espírito à obediência completa a todos os princípios de ordem o disciplina.

Confesso que a primeira impressão que tive ao ver o modo como decorreu o conflito, e como estava posta a questão quando êsse conflito só agravou, foi ditada pelo desejo do ver os serviços telégrafo-postais normalizados, mas com inteiro prestígio para o Estado.

Era, de facto, preciso acabar com essa situação de os correios e telégrafos imporem a greve de três em três meses.

Não era possível que dentro do Estado houvesse um outro Estado. Por isso, senti o desejo de ver normalizados êsses ser-viços-por forma a prestigiar-se o Estado, e que os empregados telégrafo-postais não mais tornassem a fazer greve.

Não há dúvida nenhuma que os empregados telégrafo-postais estavam a abusar da circunstância de querer impor a sua vontade e os seus pontos de vista.

Mas quem lhes deu asas para voarem tam alto?

Os Governos que se têm sucedido naquelas cadeiras, na transigência que têm tido para com êles.

Apoiados.

Mas não é justo que, tendo havido para com essa classe uma transigência completa, se passo num determinado momento a uma intransigência completa. E passar dum extremo ao outro.

Sr. Presidente: há que estabelecer, portanto, e oxalá desta vez se estabelecesse, uma espécie de transição, uma espécie de ponte de passagem entre a transigência que foi completa e que, porventura, rebaixou o prestígio do Poder, e a intransigência que se quere impor, com uma crueza que dói.

Sf. Presidente: não tenho com o Sr. Ministro da Guerra, com quem eu e o meu partido estamos em oposição, qualquer espécie de relações. Tenho-as com o major Sr. Américo Olavo, amigo que muito preso, e sei que não apelo em vão para os seus sentimentos de justiça e para os sentimentos afectivos do seu coração.

Não quis, na moção que apresentei, fazer outra cousa que não fôsse dar ao Poder Executivo a resolução do incidente; mas permita-me, usando da palavra, apelar para os sentimentos nobres do major Sr. Américo Olavo.

Sei que êle é um valente, e os valentes são generosos.

Sr. Presidente: não há só que atender à circunstância que resulta de se pretender passar de um sistema de transigência absoluta para o da intransigência completa; há que atender a mais alguma cousa: há que atender a que entre os grevistas dos correios e telégrafos eu distingo três espécies:

Há aqueles que estão na greve, coma estão em todas as greves, sempre com o desejo de perturbar. Êste é o menor número.

Há aqueles que entendem dever solidariedade absoluta aos seus colegas. Êsses respeito-os inteiramente.

E há aqueles que estão por fôrça, que estão coactos, por recearem as transigências passadas.

Sr. Presidente: todos nós sabemos como se têm resolvido as greves anteriores; todos nós sabemos que o pessoal já foi uma vez demitido e seguidamente readmitido; e nestas condições se alguns se apresentarem, serão depois considerados como traidores à classe.

Eu fui procurado por duas senhoras que são funcionárias dos correios e telégrafos, que me preguntaram se se deveriam apresentar, pois a situação em que se encontravam era esta: se se fossem apresentar, seriam vaiadas e enxovalhadas, e se amanhã fôsse admitido o pessoal em massa, seriam consideradas como traidoras ao resto da classe. Aí comecei a compreender a situação da maior parte do pessoal, e não assumi a responsabilidade de dar qualquer conselho.

Sr. Presidente: são justamente as várias situações em que se encontram os funcionários que me fazem lamentar que não se tivesse procurado, de início, separar o trigo do joio.

Sr. Presidente: não se mantém uma situação destas, tanto mais tratando-se de uma classe tam numerosa como esta é, sem se poder saber quem é que faz parte das comissões de resistência.

Sr. Presidente: o caminho que se deveria ter seguido era pôr fora os desordeiros, e colocar ao serviço os outros.

Isto, Sr. Presidente, é que era justo, pois o contrário não se compreende.

Mas há mais ainda, Sr. Presidente: num determinado momento constituiu-se