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Sessão de 11 de Junho de 1924 25

isto bem alto, êsse Partido continua sendo o mais devotado defensor da Constituição, só não querendo ditaduras às claras mas encobertas.

No acto praticado pelo Govêrno, a que nos referimos, há uma demonstração de completa ditadura.

Todos sabemos que é necessária uma política de compressão de despesas, que trará sacrifícios.

Mas, para se ganhar a autoridade para impor tais medidas elas têm de ser acompanhadas dum conjunto de providências amplas.

O Sr. Presidente do Ministério começou a iniciar a política de violências de um modo que traz tais prejuízos que essa política fica desacreditada completamente.

Quando amanhã os Governos quiserem fazer qualquer cousa de aproveitável para o Estado não terão fôrça, porque a Nação estará absolutamente descrente de tudo.

E não é verdade, como lembrou aqui o Sr Barros Queiroz, que outros benefícios não possam ser colhidos de medidas diferentes destas, se elas tiverem o acordo dos partidos.

Pois não é certo que êsse acordo era imprescindível?!

Não é verdade que era necessário, num caso tam grave como êste, o acordo dos partidos da República?!

Lança-se sôbre todos nós a responsabilidade, e, embora nós a enjeitemos, amanhã, quando se analisar a obra do Sr. Presidente do Ministério, esquecido como é o nosso país dos factos passados, fàcilmente dirá que a responsabilidade foi de todos os republicanos.

Mas êsse acordo não se fez, porque S. Exa. não o quis fazer. Não negociou acordos cá dentro do país, nem lá fora, porque não quis, e isso era muito fácil, quero crê-lo. Bem sei que agora já está na Mesa uma moção para se estender aos credores externos as medidas do Govêrno, mas não sei se o Govêrno tem fôrça para isso.

Estou convencido, repito, que, se êsses acordos se tivessem iniciado, eles devido à situação mundial, teriam sido aceites. O Sr. Presidente do Ministério fez mal; nós vivemos dentro duma Europa e não podemos ser indiferentes ao que nela se passa. A Europa sofre hoje terríveis tormentos, mas o problema europeu é de

conjunto e só pode ser resolvido por uma política de solidariedade entre os povos. Infelizmente ainda não chegámos a essa hora, mas da tem de vir, porque de contrário a Europa não tem salvação. E nessa hora nós estaremos no rol das nações que não pagam e que vão contra os compromissos internacionais.

Sei, porque alguém me disse, que, logo que o Sr. Alberto Xavier foi a Londres e começou a transparecer nos jornais o motivo dessa viagem, um certo número de pessoas, e que não percebiam nada de assuntos bancários, se coligaram, mandando os seus títulos a Londres e dividindo depois as despesas da viagem à razão de tanto por cada título.

E porquê?

Porque o pânico vem de lia mais de um mês e durante êsse tempo todos aqueles que tinham títulos em carteira procuraram acautelar-se, só não o fazendo aqueles que não puderam fazê-lo, como a Caixa Geral de Depósitos e outros.

Estou convencido de que os próprios portadores estrangeiros de dívida externa que vivem dentro de Portugal hão-de exercer pressões que não sei até onde nos levarão.

Estou absolutamente convencido de que as emendas, as correcções que a pouco o pouco se hão-de ir introduzindo no decreto hão-de importar em muitos milhares de contos, e, assim nessas condições, sou daqueles que dizem que o Sr. Presidente do Ministério fez uma economia ridícula, perante as conseqüências que o caso vai ter para a Nação.

Estamos em vésperas de terminar o monopólio dos tabacos e eu julgo que o pensamento de todos os políticos devia ser, ir amparando de qualquer forma a vida da Nação, para chegarmos a 1926 com o crédito intacto.

Não é domais acentuar que o montante proveniente de um novo empréstimo dos tabacos seria talvez o suficiente para produzir a estabilização da moeda nacional, e, não é demais também acentuar que tudo isso se perdeu com os dois decretos do Govêrno do Sr. Álvaro de Castro.

O Sr. Presidente do Ministério teve, com certeza, o intuito de praticar um benefício para a Nação, e então nós temos de tirar disso uma conseqüência: é que o sonho do Sr. Presidente do Ministério é