O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

8 Diário da Câmara dos Deputados

Norton de Matos fez, algumas se converteram em boas.

Vejamos: o Sr. Norton de Matos, em certa altura, recebeu da Companhia dos Diamantes 400:000 libras, números redondos, e esta como tem a sua sede na Bélgica pôs à opção do Sr. Norton de Matos a escritura do empréstimo em libras ou em francos belgas à paridade do dia. Ora se o Sr. Norton de Matos fôsse um administrador prudente optaria, naturalmente, pela moeda mais estável e quereria que o empréstimo, se escriturasse em libras. Optou, porém, por francos belgas. Foi uma especulação feliz. Com outros empréstimos, Angola recebeu da Companhia 500:000 libras.

A Companhia dos Diamantes, ao serem pedidas pelo Sr. Norton dê Matos mais 500:000 libras, disse-lhe o seguinte:

«Não temos interêsse nenhum em dar à província de Angola essa 500:000 libras, porque, segundo o contrato, até 1935 a Companhia está obrigada a emprestar anualmente a Angola uma quantia equivalente a 50 por cento da comparticipação da província nos nossos lucros. Podemos resgatar essa obrigação fazendo um empréstimo de 1:000.000 de libras, do qual haverá a deduzir a totalidade dos empréstimos já feitos. Mas, como o franco belga se desvalorizou, precisamos que a província transforme em libras o empréstimo que o Sr. Norton de Matos quis que se fixasse em francos belgas. Nestas condições já temos interêsse em aceder às solicitações do Sr. Norton de Matos».

Devia ter sido esta a exposição da Companhia.

E o Sr. Norton de Matos acedeu.

A quebra do franco belga, baixou o empréstimo de 400:000 libras, para um valor que orça, hoje por 285:000 libras.

Assim, o Sr. Norton de Matos, para obter agora um empréstimo de 500:000 libras, paga à Companhia um prémio de 115:000 libras.

Excelente negócio, na verdade mas para a Companhia.

O juro a pagar pelo empréstimo das 400:000 libras, é igual à taxa do desconto do Banco Belga, acrescida de 1 por cento.

Sendo essa taxa de 1/2 por cento, temos que êsse juro é de 6 1/2 por cento.

Tomando como efectiva aquela taxa, somos levados à conclusão de que o Sr. Norton de Matos até aumentou o juro da outra parte da dívida que tinha contraído anteriormente.

Mas há mais.

Vê-se que a amortização começa em 1930.

Ora a amortização da dívida anterior começa em 1935 e muito bem porque não é em cinco ou seis anos que Angola se encontrará em condições de pagar os largos encargos contraídos.

Muito tem já a pagar.

Tem, por exemplo, a pagar o encargo de parte do crédito dos 3 milhões de libras, que utilizou.

A propósito vou dar uma novidade à Câmara.

Da última vez que pedi informações a respeito da maneira como Angola estava cumprindo as suas obrigações, tive o desgosto de verificar que Angola não pagara a última prestação.

Mais uma vez o Sr. Norton de Matos mostrou, por despedida, a sua comezinha administração, - é o caso de — quem vier atrás de mim que feche a porta!

O Sr. Ferreira da Rocha: — Se ainda houver porta!

O Orador: — Seria curioso saber porque razão o Sr. Norton de Matos, na altura em que porventura, já teria insinuado aos» seus amigos a conveniência de o colocarem em Londres, tanto interêsse teve em contrair um empréstimo mau, fechando assim, com chave que não podemos chamar de ouro, a sua gerência.

Porque é que S. Exa. quere abandonar Angola?

Porque bem sabe o que lá tem feito.

Mas imaginem o que será a situação de um embaixador em Londres, começando a receber reclamações dos empreiteiros que não estão pagos em dia, como sucede aos dos portos, começando à ser assediado pelos frutos da sua própria obra.

Calculem V. Exas., repito, qual será a situação do embaixador de Portugal em Londres, ao receber as reclamações dos seus credores de Angola.

É uma situação deprimente e vexatória.