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20 Diário da Câmara dos Deputados

das nações aliadas, credor de fortes somas dos países vencidos, por reparações, e que nada recebeu ainda.

Não era, portanto, de estranhar que a Nação Portuguesa, credora da Alemanha de uma forte indemnização de guerra, estendesse aos portadores estrangeiros o mesmo regime que aos nacionais.

Termino as minhas considerações dizendo que me sensibilizaram em extremo as palavras que ouvi da boca de alguns republicanos, membros desta Câmara, invectivando o Poder Executivo e falando de roubos e de extorsões.

Todos neste país, inclusive os representantes da Nação, são contra o Estado!

Poucos são os que têm a coragem de dizer algumas palavras em seu favor.

Os homens públicos em Portugal têm sido muitas vezes injustamente atacados.

A verdade, Sr. Presidente, deve ser proclamada bem alto e assim devia dizer que não há paralelo algum entre a administração monárquica e a administração republicana.

Se é facto que na República têm sido acusados alguns dos seus homens, êles têm tido ocasião de, perante os poderes públicos, provar a sua inocência, o que na verdade não se dava no tempo da monarquia, que não sujeitava êsses homens à mesma prova e ela lá tinha as suas razões para isso.

Sr. Presidente: disse eu, e repito, que me causaram uma grande impressão as palavras pronunciadas nesta Câmara, acusando o Poder Executivo de ter roubado os portadores da dívida externa, de ter roubado êsses pobres homens que têm sempre cumprido honradamente os seus compromissos perante o Estado e a Nação, quando é certo que essas criaturas não têm pago nem um vintém por êsse capital, e que os colou» numa situação única, sem exemplo em todos os países do mundo civilizado.

Sr. Presidente: um ilustre membro desta Câmara, em àparte, disse-me, numa das passadas sessões, o seguinte:

«Porque é que V. Exa. defende o Govêrno dessa maneira?»

Devo dizer, Sr. Presidente, a êsse Sr. Deputado e à Câmara que defendo o Govêrno unicamente por esta razão: por-

que é um Govêrno que entrou em matéria financeira por um caminho diferente do aumento da circulação fiduciária; porque é um Govêrno que em matéria financeira lançou as suas vistas para outro lado que não seja para o Banco de Portugal.

Vejo que êste Govêrno pretende resolver a situação nacional sem trazer ao» Parlamento novos aumentos da circulação fiduciária, novas notas que nos poderiam asfixiar completamente causando a maior desgraça neste país.

É por esta razão, Sr. Presidente, que defendo o Govêrno, e continuarei a defendê-lo; por isso que vejo naquelas cadeiras um homem que nos oferece garantias, pelo seu passado republicano, de que há-de orientar a administração pública por um caminho bem diferente daquele que se tem seguido até hoje.

Tenho dito.

O discurso publicar-se há na integra? revisto pelo orador quando, nestes termos, houver devolvido as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

É lida e admitida a seguinte:

Moção

A Câmara, reconhecendo que o critério seguido da fixação do câmbio para os juros dos títulos abrangidos pelas disposições do decreto n.° 9:761 se deve estender a todos êsses títulos, sem qualquer distinção entre os seus portadores ou possuidores, sejam êsses nacionais ou estrangeiros, passa à ordem do dia. — F. Velhinho Correia.

O Sr. Pedro Pita: — Peço a V. Exa. o obséquio de consultar a Câmara sôbre se permite que a sessão seja prorrogada, com prejuízo da segunda parte da ordem do dia.

O Sr. Presidente: — Os Srs. Deputados que aprovam o requerimento feito pelo Sr. Pedro Pita queiram levantar-se. - Está rejeitado.

O Sr. Sousa da Câmara: — Requeiro a contraprova.

O Sr. Cunha Leal: — Invoco o § 2.° do artigo 116.° do Regimento.